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QUESTÃO AGRÁRIA
Grupo, que diz poder contar com 2.000 pessoas para a caminhada, quer ir de Belém (Pará) ao México
Zapatistas brasileiros organizam marcha
FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL
Para "defender a humanidade
contra a ameaça do neoliberalismo", um grupo de zapatistas brasileiros decidiu marchar cerca de
9.000 quilômetros de Belém (PA)
até o México.
A caminhada é inspirada na
ação do Exército Zapatista de Libertação Nacional, movimento
composto principalmente por indígenas e camponeses que, há seis
anos, tornou-se um ícone da esquerda mundial ao se rebelar contra o governo no Estado mexicano de Chiapas.
Os zapatistas brasileiros, que
têm a ambição de divulgar os
ideais do movimento, dizem ter
comitês em 15 Estados. Eles reúnem pessoas filiadas a entidades
de trabalhadores, sem-terra, índios, camponeses e religiosos.
Em comum, os zapatistas brasileiros defendem a revolução socialista, admiram Che Guevara e
lutam contra um inimigo tão abstrato quanto poderoso: o ""grande
capitalismo internacional".
"Para enfrentar o neoliberalismo, são precisas medidas radicais. A marcha será a primeira",
diz Magno de Carvalho, fundador
do comitê paulista de zapatistas e
um dos idealizadores da marcha.
A caminhada começa no início
de 2001 e deve durar um ano. O
ponto de partida será Belém, diz
Carvalho, porque foi nessa cidade
que a idéia da marcha surgiu, durante o 2º Encontro Americano
pela Humanidade e Contra o
Neoliberalismo. O encontro reuniu 3.000 pessoas de 20 países em
dezembro passado.
O ponto de chegada da marcha
será a cidade mexicana de Juarez,
que, por sua posição geográfica
-fica na fronteira com os EUA-
é perfeita como símbolo.
"É lá que fica o muro da vergonha, que separa o mundo pobre
do mundo rico e representa a desigualdade mundial", diz Manoel
Amaral, zapatista de Belém, em
referência à barreira de concreto e
arame farpado que separa Juarez
da cidade de El Paso, já no Texas.
O muro existe para dificultar a
entrada de mexicanos pobres nos
EUA, mas nem sempre consegue.
Muitos tentam imigrar cruzando
o rio Grande, que separa os dois
países, durante a noite. Mortes
por afogamento são frequentes.
Otimistas, os zapatistas esperam reunir ao menos 2.000 pessoas na marcha, que deve ter ainda lideranças de esquerda de países como Argentina, Chile e Peru.
Os detalhes finais da marcha serão acertados em um encontro
em julho, mas ela deve sair de Belém rumo a Manaus e, de lá, seguir para o México.
"É claro que não vai dar para
andar todo o percurso. Vamos fazer alguns trechos de barco e ônibus. A idéia é ir parando em pequenas vilas e cidades no caminho, para divulgar nosso movimento", afirma Amaral.
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