São Paulo, segunda-feira, 14 de maio de 2001

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ARRASTÃO ALIADO

Planalto quer enfatizar supostos males à economia e combater idéia de favorecimento pessoal a deputados

FHC estuda ir à TV para se justificar por CPI

ROBERTO COSSO
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente Fernando Henrique Cardoso estuda a possibilidade de fazer um pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão para apresentar à população suas justificativas em relação às ações do governo federal destinadas a conseguir o arquivamento da CPI da corrupção.
Sob o compromisso de não terem seus nomes revelados, interlocutores do presidente disseram que o Palácio do Planalto está preocupado com a repercussão negativa das notícias veiculadas pela imprensa sobre a liberação de recursos para barrar a CPI.
O governo teme que a interpretação dada pela população seja a de que os recursos foram liberados pessoalmente aos deputados que retiraram seus nomes do requerimento da CPI.
Caso o presidente efetivamente faça o pronunciamento à nação, ele tentará mostrar que os recursos liberados são orçamentários e que precisariam ser aplicados durante o ano para cumprir a Lei de Diretrizes Orçamentárias. Além disso, FHC mostraria a importância de alguns dos projetos que receberam verbas.
Na verdade, parte dos recursos liberados são restos a pagar -dinheiro que o governo teve autorização para gastar em anos anteriores, cuja liberação em geral é esquecida ou feita a conta-gotas.
Mas o mote central da fala do presidente seria as supostas consequências maléficas da CPI para a economia do país. Ele tentaria mostrar que todos os pontos que a CPI pretendia investigar já foram ou estão sendo apurados.
Depois de deixar claras as razões pelas quais é contra a CPI, o presidente admitiria que atuou para barrar a sua aprovação, com o objetivo de apagar a idéia -amplamente transmitida pela imprensa, segundo o Planalto- de que agiu sorrateiramente.
Segundo a Folha apurou, o governo avaliou a hipótese de fazer um pronunciamento com o mesmo conteúdo antes de iniciar a liberação de recursos para projetos de interesse dos deputados, com o objetivo de retirar as assinaturas deles do requerimento da CPI.
A possibilidade foi afastada porque representaria uma derrota de proporções ainda maiores no caso de a CPI ser aprovada. Além disso, poderia tornar maiores as exigências dos deputados.
Hoje ministros se reúnem para avaliar hoje como se comportar em relação ao racionamento de energia. A idéia preponderante é mostrar claramente os problemas à população.


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