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ARRASTÃO ALIADO
Planalto quer enfatizar supostos males à economia e combater idéia de favorecimento pessoal a deputados
FHC estuda ir à TV para se justificar por CPI
ROBERTO COSSO
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente Fernando Henrique Cardoso estuda a possibilidade de fazer um pronunciamento
em rede nacional de rádio e televisão para apresentar à população
suas justificativas em relação às
ações do governo federal destinadas a conseguir o arquivamento
da CPI da corrupção.
Sob o compromisso de não terem seus nomes revelados, interlocutores do presidente disseram
que o Palácio do Planalto está
preocupado com a repercussão
negativa das notícias veiculadas
pela imprensa sobre a liberação
de recursos para barrar a CPI.
O governo teme que a interpretação dada pela população seja a
de que os recursos foram liberados pessoalmente aos deputados
que retiraram seus nomes do requerimento da CPI.
Caso o presidente efetivamente
faça o pronunciamento à nação,
ele tentará mostrar que os recursos liberados são orçamentários e
que precisariam ser aplicados durante o ano para cumprir a Lei de
Diretrizes Orçamentárias. Além
disso, FHC mostraria a importância de alguns dos projetos que receberam verbas.
Na verdade, parte dos recursos
liberados são restos a pagar -dinheiro que o governo teve autorização para gastar em anos anteriores, cuja liberação em geral é
esquecida ou feita a conta-gotas.
Mas o mote central da fala do
presidente seria as supostas consequências maléficas da CPI para
a economia do país. Ele tentaria
mostrar que todos os pontos que
a CPI pretendia investigar já foram ou estão sendo apurados.
Depois de deixar claras as razões pelas quais é contra a CPI, o
presidente admitiria que atuou
para barrar a sua aprovação, com
o objetivo de apagar a idéia
-amplamente transmitida pela
imprensa, segundo o Planalto-
de que agiu sorrateiramente.
Segundo a Folha apurou, o governo avaliou a hipótese de fazer
um pronunciamento com o mesmo conteúdo antes de iniciar a liberação de recursos para projetos
de interesse dos deputados, com o
objetivo de retirar as assinaturas
deles do requerimento da CPI.
A possibilidade foi afastada porque representaria uma derrota de
proporções ainda maiores no caso de a CPI ser aprovada. Além
disso, poderia tornar maiores as
exigências dos deputados.
Hoje ministros se reúnem para
avaliar hoje como se comportar
em relação ao racionamento de
energia. A idéia preponderante é
mostrar claramente os problemas
à população.
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