São Paulo, segunda-feira, 14 de maio de 2001

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RACIONAMENTO

Primeira reunião do "ministério do apagão", hoje, volta a discutir multa para consumidores

SP propõe adiar apagão por 15 dias

DO "AGORA"
DA SUCURSAL DO BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário de Energia do Estado de São Paulo, Mauro Arce, vai levar hoje, à primeira reunião da Câmara de Gestão da Crise de Energia -da qual faz parte-, a proposta de adiar por 15 dias o início do racionamento de energia, previsto para começar em 1º de junho.
O objetivo é dar uma chance à população de poupar energia nos primeiros 15 dias de junho. Se a economia não for suficiente para evitar um colapso no sistema energético brasileiro, aí então começariam os cortes de luz.
Na reunião de hoje, em Brasília, que será aberta pelo presidente Fernando Henrique Cardoso e deve definir as linhas gerais do plano de racionamento, a proposta de cobrança de multa para quem não reduzir seu consumo de energia será reapresentada.
Apesar de descartada na última segunda-feira pelo presidente, a idéia foi desenterrada no desespero para encontrar uma solução para a crise energética. Não há garantia de que seja aceita agora, mas alguns técnicos avaliam que a cobrança de multas foi mal explicada ao presidente.
O "ministro do apagão", Pedro Parente, passou o fim de semana lendo relatórios e conversando, por telefone, com especialistas no assunto. No fim de semana, havia a expectativa de que ele anunciasse hoje pelo menos as linhas gerais do corte de luz.
Mas, segundo autoridades envolvidas na elaboração do programa de racionamento ouvidas ontem pela Folha, ainda não há definição sobre como a população será incentivada a economizar energia, regras para serviços essenciais e percentual de corte necessário. O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) afirma que é preciso reduzir 20% do consumo. A equipe econômica avalia se os cortes podem ser menores.
A Folha apurou que uma das principais preocupações do governo é evitar apagões no "horário nobre", das 18h às 22h. Mas há grandes chances de ocorrerem cortes de luz durante a madrugada e por longos períodos do dia.

Apagão para todos
O secretário Arce disse que, se o apagão for inevitável, vai sugerir ao governo que não poupe nenhum dos consumidores de energia, nem os serviços essenciais, como hospitais e delegacias.
Como, segundo ele, é impossível cortar a energia de um bairro da cidade de São Paulo sem desligar esses serviços, Arce acha "injusto" que quem está localizado próximo a eles seja poupado do racionamento e os demais tenham de contribuir com uma parcela maior na redução do consumo de luz.
Arce também deve levar à comissão propostas do setor de autopeças para minimizar os efeitos do racionamento sobre a indústria paulista. Segundo o secretário de Ciência e Tecnologia de São Paulo, José Anibal, essas propostas devem ser apresentadas até a próxima quinta-feira.
(FERNANDA BURATTINI, SÍLVIA MUGNATTO, ANDRÉ SOLIANI, ROBERTO COSSO)



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