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São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 2003

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NO AR

Ansiedade e apreensão

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

O repórter da Globo News entrou ao vivo da Bovespa, para mostrar os operadores felizes com "a possibilidade de juros menores".
Não só os operadores. O dia foi de esperança e pressão pela derrubada dos juros.
Já começou um dia antes, com Delfim Netto dizendo é chegado o momento de reduzir os juros. O que também fez Aloizio Mercadante, na mesma rádio Bandeirantes.
E Maria da Conceição Tavares deu o seu show de ofensas, tomando o lugar dos "radicais" nos espetáculos noticiosos noturnos da Globo.
Ontem foram outros -e menos marcados. O ministro do Desenvolvimento, Luís Fernando Furlan, segundo a Jovem Pan, "insinuou" uma defesa da queda dos juros.
Ele teria declarado estar "vivendo um momento de ansiedade e apreensão".
Em linha bem mais agressiva se pronunciou Horácio Laver Piva, presidente da Fiesp, para quem o Banco Central "tem que abaixar os juros".
Um ex-presidente do Banco Central, Fernão Bracher, foi citado por Míriam Leitão como tendo declarado:
- Agora a inflação caiu. Caíram o risco e o dólar. É natural que o Banco Central inverta a curva de juros e a derrube.
O coordenador de pesquisas da FGV, Salomão Quadros, o homem da inflação, disse coisa parecida, na Globo:
- Até a semana passada, eu diria que ainda não estava na hora. Mas agora, com esse resultado, já dá para pensar mais seriamente.
Até ela, Míriam Leitão:
- Se o que o Banco Central olha é a inflação, já existem bons motivos para derrubar os juros semana que vem.
E até Boris Casoy.
Uma quase unanimidade, mas sempre aparece um economista para dizer:
- Não basta controlar a inflação em 0,5% ao mês. Ela tem que ficar próxima de zero nos próximos meses.
E sempre aparece um presidente, no caso Lula, para dizer, segundo a Pan:
- É uma decisão da equipe econômica.
Desta vez, talvez não.
 
O senador Ney Suassuna saiu do encontro dos peemedebistas com Lula para relatar o que o presidente disse:
- Meu Deus, como o PMDB tem deputados e senadores.
Alguém teria gritado que era prova da força da legenda. Outro pode dizer que foi parte do esforço de sedução.
Mas talvez Lula estivesse, no fundo, pensando que não tem cargos para tanto.


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