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São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 2003

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REFORMAS

Presidente acusa sindicatos de não representarem trabalhadores e prevê polêmica em torno da reforma sindical

80% dos sindicatos são "de carimbo", diz Lula

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou aos deputados e senadores do PMDB, durante almoço de ontem, que o debate que já existe sobre a reforma da Previdência será ainda maior quando o governo apresentar a reforma sindical, já que 80% dos sindicatos não representam os trabalhadores e seriam "de carimbo".
"Vamos parar de brincar. A reforma sindical é necessária porque temos apenas 20% dos sindicatos com representatividade. Os outros 80%, além de não representar os trabalhadores, atendem a interesse da classe empresarial", teria dito o presidente, segundo relato de peemedebistas.
A Secretaria de Imprensa do Palácio do Planalto confirmou que Lula disse que "80% dos sindicatos não passam de sindicatos de carimbo", se referindo tanto a sindicatos patronais quanto aos de trabalhadores. Lula já havia usado expressão semelhante durante a campanha ao se referir aos sindicatos que só existem no papel, ou seja, sobrevivem com o dinheiro do imposto sindical, mas não representam as categorias.

Previdência
Lula deu mais ênfase, porém, à reforma da Previdência, chegando a fazer um desabafo aos políticos presentes: "Não posso errar, porque a minha eleição gerou uma expectativa como jamais aconteceu no Brasil. O grande desafio que tenho como presidente é manter a estabilidade, mas sem causar prejuízo ao crescimento econômico".
O presidente também teria afirmado que "a reforma da Previdência ajuda muito mais aos Estados do que à União". Disse que seis dos principais Estados "estariam quebrados entre 6 e 10 anos". Lula disse ter procurado os 27 governadores antes de fechar a sua proposta da Previdência porque partiu do pressuposto de que primeiro precisava "converter em aliados aqueles que tinham interesse em ajudar".
"Sei que a Previdência precisa ser reformada, não porque não exista outra fonte de receita, mas porque o atual modelo incorpora injustiças sociais, e quero fazer justiça social. E essas reformas têm que ser feitas este ano. A partir do ano que vem, não se faz mais reformas, porque teremos as eleições municipais", disse.
Lembrando declarações do deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), que defendeu o lançamento de candidatura própria pelo PMDB em 2006, o presidente fez uma ironia: "O PMDB não pode ser apenas o segundo. Deve ter, sim, candidato próprio. Mas deve fazer com que haja fidelidade, para não acontecer o que aconteceu com o doutor Ulysses [Guimarães] e com o Orestes Quércia, quando a maioria do partido apoiou outro candidato".
(LUCIO VAZ e ANDRÉA MICHAEL)


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