|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
REFORMAS
Presidente acusa sindicatos de não representarem trabalhadores e prevê polêmica em torno da reforma sindical
80% dos sindicatos são "de carimbo", diz Lula
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva afirmou aos deputados e
senadores do PMDB, durante almoço de ontem, que o debate que
já existe sobre a reforma da Previdência será ainda maior quando o
governo apresentar a reforma sindical, já que 80% dos sindicatos
não representam os trabalhadores e seriam "de carimbo".
"Vamos parar de brincar. A reforma sindical é necessária porque temos apenas 20% dos sindicatos com representatividade. Os
outros 80%, além de não representar os trabalhadores, atendem
a interesse da classe empresarial",
teria dito o presidente, segundo
relato de peemedebistas.
A Secretaria de Imprensa do Palácio do Planalto confirmou que
Lula disse que "80% dos sindicatos não passam de sindicatos de
carimbo", se referindo tanto a sindicatos patronais quanto aos de
trabalhadores. Lula já havia usado
expressão semelhante durante a
campanha ao se referir aos sindicatos que só existem no papel, ou
seja, sobrevivem com o dinheiro
do imposto sindical, mas não representam as categorias.
Previdência
Lula deu mais ênfase, porém, à
reforma da Previdência, chegando a fazer um desabafo aos políticos presentes: "Não posso errar,
porque a minha eleição gerou
uma expectativa como jamais
aconteceu no Brasil. O grande desafio que tenho como presidente é
manter a estabilidade, mas sem
causar prejuízo ao crescimento
econômico".
O presidente também teria afirmado que "a reforma da Previdência ajuda muito mais aos Estados do que à União". Disse que
seis dos principais Estados "estariam quebrados entre 6 e 10
anos". Lula disse ter procurado os
27 governadores antes de fechar a
sua proposta da Previdência porque partiu do pressuposto de que
primeiro precisava "converter em
aliados aqueles que tinham interesse em ajudar".
"Sei que a Previdência precisa
ser reformada, não porque não
exista outra fonte de receita, mas
porque o atual modelo incorpora
injustiças sociais, e quero fazer
justiça social. E essas reformas
têm que ser feitas este ano. A partir do ano que vem, não se faz
mais reformas, porque teremos as
eleições municipais", disse.
Lembrando declarações do deputado Geddel Vieira Lima
(PMDB-BA), que defendeu o lançamento de candidatura própria
pelo PMDB em 2006, o presidente
fez uma ironia: "O PMDB não pode ser apenas o segundo. Deve ter,
sim, candidato próprio. Mas deve
fazer com que haja fidelidade, para não acontecer o que aconteceu
com o doutor Ulysses [Guimarães] e com o Orestes Quércia,
quando a maioria do partido
apoiou outro candidato".
(LUCIO VAZ e ANDRÉA MICHAEL)
Texto Anterior: No Ar - Nelson de Sá: Ansiedade e apreensão Próximo Texto: Petista diz que vive "Romeu e Julieta" com vice Índice
|