São Paulo, sábado, 14 de maio de 2005

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NEPOTISMO

Comissão que vai agir contra nomeação de parentes foi indicada por Severino

Deputado que vai presidir grupo nomeou 4 parentes

RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), indicou para presidir a comissão especial que consolidará os projetos antinepotismo o deputado Carlos Willian (PMDB-MG), 48, que contratou a mãe para o gabinete e dá emprego até hoje para a mulher, a irmã e um irmão.
A decisão altera ofício do próprio Severino da semana passada que indicava o deputado Manato (PDT-ES) para a presidência da comissão. O pedetista, que também influenciou em 2003 a contratação da mulher para o gabinete de um colega, será o relator.
Willian disse ter sido convidado para dar agilidade aos trabalhos e que sua opinião -que ele não manifestou qual é- não influirá na decisão da comissão.
Os nomes indicados por Severino -que é publicamente favorável à contratação de parentes sem concurso- para a presidência e relatoria têm de ser aprovados em votação na sessão de instalação da comissão, prevista para a próxima semana. É necessário o voto de 60% dos deputados (308), em dois turnos. Depois o texto vai para o Senado. Em geral, a votação é simbólica, e os nomes, ratificados.
Willian está no primeiro mandato como deputado federal, tendo assumido em 1º de fevereiro de 2003. Dois dias depois, saiu em boletim a nomeação da irmã Maria Regina de Souza, como secretária de seu gabinete. O salário é de R$ 5.175, o maior pago para os assessores nos gabinetes.
Em 5 de fevereiro de 2003, foi publicada a nomeação da mulher, Laila Maria Cunha Reis de Souza, com salário de R$ 5.175. No dia 7, foi nomeada sua mãe, Luzia Alves de Souza, com salário de R$ 2.277. Foi exonerada após um ano e oito meses, em outubro de 2004.
Um irmão de Willian, Ary de Souza Júnior, foi contratado pela liderança do PSC, partido ao qual pertencia o deputado antes de se filiar, neste ano, ao PMDB. Com a extinção da liderança do PSC na Câmara, Ary teria sido exonerado, mas trabalha hoje no gabinete -sem remuneração, diz Willian.
Willian disse que não comete irregularidade ao contratar parentes, mas afirmou que já deixou assinado o ato de exoneração da mulher. Sobre a irmã, disse que não tinha decisão.
O relator indicado, Manato, disse ser contra o nepotismo, afirmando ter reconhecido que errou quando influenciou na contratação da mulher por alguns meses, em 2003, para o gabinete do ex-deputado José Carlos Elias.


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