São Paulo, domingo, 14 de maio de 2006

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ANÁLISE

Decisão favorece o presidente

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A decisão do PMDB de não ter candidato a presidente tem três conseqüências principais: 1) aumentam as chances de a sucessão ao Planalto terminar no primeiro turno; 2) o maior beneficiário é Luiz Inácio Lula da Silva, favorito nas pesquisas e 3) o PMDB reafirma seu papel de partido coadjuvante no cenário nacional.
Levantamentos eleitorais realizados sobre a disputa presidencial registram que o pré-candidato peemedebista Anthony Garotinho (ele vai contestar o quanto puder na Justiça a decisão de ontem) está na casa dos 15%. Só Garotinho, Lula e o pré-candidato tucano, Geraldo Alckmin, pontuam de maneira sólida acima dos 10%. Sem Garotinho, a eleição se encaminha para uma decisão no primeiro turno, dia 1º de outubro.
A regra eleitoral determina que só vence a eleição para presidente o candidato que tiver, pelo menos, 50% mais um dos votos. Caso contrário, os dois mais bem votados disputam o segundo turno. Nas quatro eleições recentes (89, 94, 98 e 02), a fatura foi liquidada em turno único apenas quando o cenário foi semelhante ao atual.
Em 1994 e em 1998, havia poucos candidatos competitivos. O tucano Fernando Henrique Cardoso ganhou no primeiro turno. Em 1989 e 2002 a configuração era diferente -vários concorrentes tiveram bom desempenho e os pleitos foram ao segundo turno.
Na última disputa, em 2002, Lula saiu do primeiro turno com 46,4%. O segundo colocado, José Serra (PSDB), teve 23,2% (pontuação semelhante à obtida hoje nas pesquisas por Alckmin). Ocorre que Garotinho (então no PSB), registrou robustos 17,9%. Em quarto ficou Ciro Gomes (no PPS; hoje está no PSB) com 12%.
Ciro Gomes não será candidato neste ano. Ex-ministro de Lula, deve concorrer a uma vaga de deputado federal ou a vice de Lula. Anthony Garotinho, a ser mantida a decisão do PMDB, está fora.
Lula tem como concorrentes confirmados, por enquanto, apenas Alckmin, Heloísa Helena (PSOL), Enéas (Prona) e alguém do PSTU. Possíveis nomes do PDT (Cristovam Buarque) e do PPS (Roberto Freire) sofrem resistências em suas siglas.
A desistência do PMDB é útil ao PT como um todo. "Eu apoiei o Lula na última eleição", lembrava ontem Orestes Quércia, um peemedebista que apoiava a candidatura própria, mas que pode acabar aliado ao PT em São Paulo.
O PMDB opta pelo regional em detrimento do nacional. Seus integrantes repetem uma tradição. Garantem a eleição de governadores e fortes bancadas na Câmara e no Senado. A partir de 2007, não importa quem seja o presidente, terá de procurar o PMDB para negociar uma aliança para governar. (FERNANDO RODRIGUES)


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