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Em ano eleitoral, presidente reduz
em R$ 5 bi os cortes no Orçamento
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O corte de gastos do Orçamento
da União de 2006 deverá ser da
ordem de R$ 15 bilhões, segundo
apurou a Folha. O presidente Luiz
Inácio Lula da Silva rejeitou duas
propostas feitas pela área econômica e determinou um corte menor do que os quase R$ 20 bilhões
propostos inicialmente por seus
auxiliares.
O presidente pediu aos ministros Guido Mantega (Fazenda),
Dilma Rousseff (Casa Civil) e
Paulo Bernardo (Planejamento)
que reduzissem os cortes na área
social e nos investimentos para
projetos de infra-estrutura.
Após a rejeição da primeira proposta, Lula também não gostou
do segundo plano. Pediu modificações que aproximam o contingenciamento (bloqueio de recursos) dos R$ 15 bilhões. Há possibilidade até de o corte ser um pouco
menor, segundo a Folha apurou.
Provável candidato à reeleição,
Lula decidiu no final do ano passado que anteciparia os gastos no
primeiro semestre de 2006, ano
eleitoral. Por força legal, existem
restrições para gastos realizados a
partir do mês de junho.
Daí a decisão do governo de
bloquear menos do que os cerca
de R$ 20 bilhões estimados pelo
Congresso. Isso é uma forma de
compensar o aumento de gastos
públicos no início deste ano e assegurar o cumprimento da meta
de superávit primário (a economia destinada a pagar juros da dívida pública) de 4,25% do PIB
(Produto Interno Bruto).
Realidade
Em todo começo de ano, o governo anuncia um contingenciamento. Normalmente, o bloqueio
do montante de recursos é maior
do que o corte que acontecerá na
prática. Ao longo do ano, o governo refaz suas contas e tende a liberar mais recursos.
Como a restrição para gastos é
mais forte no segundo semestre,
Lula disse aos ministros que não
havia sentido em proceder como
nos anos anteriores. Ficaria apenas com o desgaste político.
Em 2005, o governo anunciou
um corte de gastos de R$ 15,9 bilhões. No decorrer do ano, liberou
R$ 3 bilhões. Ou seja, o corte real
ficou em R$ 12,9 bilhões.
Neste ano, deverá ocorrer o
contrário. O bloqueio anunciado
deverá ficar próximo da realidade. No limite, há até mesmo a possibilidade de o governo voltar a
bloquear recursos, caso julgue
que a sua receita está muito abaixo da expectativa projetada.
Reunião
Lula marcou reunião nesta segunda-feira pela manhã no Palácio do Planalto com os ministros
da Junta Orçamentária, Guido
Mantega, Dilma Rousseff e Paulo
Bernardo. O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro,
deverá participar do encontro.
Articulador político, ele explicará
ao Congresso sobre o corte no Orçamento aprovado.
O Orçamento da União em 2006
deveria ter sido sancionado na semana passada, mas as determinações de Lula para preservar a área
social e os investimentos em infra-estrutura jogaram a decisão
oficial para esta semana.
Nesta segunda, o presidente deverá sancionar o Orçamento e
anunciar o montante dos recursos que serão bloqueados.
(KENNEDY ALENCAR)
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