São Paulo, sexta-feira, 14 de maio de 2010

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Ministério adia pregão de projeto para internet sem fio gratuita

Folha mostrou que municípios administrados pela oposição foram excluídos

ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

O Ministério das Comunicações adiou por tempo indeterminado pregão para levar internet sem fio gratuita a 163 cidades de 25 Estados justificando que várias empresas questionaram o edital que prevê investimento de R$ 100 milhões. A decisão ocorreu depois que a Folha revelou que o edital excluiu prefeituras administradas pela oposição.
Dos 163 municípios escolhidos pelo ministério para receber o programa Cidade Digital, 61 têm prefeitos de PMDB e 36 do PT. A lista inclui apenas dois municípios administrados por DEM e PSDB -Divinópolis (MG) e Fernandópolis (SP).
Minas Gerais, reduto eleitoral do ex-ministro Hélio Costa e do atual titular da pasta, José Artur Filardi, terá o maior número de cidades digitais (17).
O ministério nega critério político e diz que o adiamento "visa garantir a resposta a todos os questionamentos encaminhados pelo mercado".
Segundo o edital, as cidades foram escolhidas com base em "características sociais, econômicas e culturais, voltadas para o turismo, para a polarização de negócios e para o ensino".
O pregão estava previsto para anteontem e será retomado "a partir do momento em que todas as dúvidas forem analisadas e dirimidas e o mercado estiver satisfeito com as respostas", diz o comunicado oficial.
É a segunda vez que a licitação é suspensa. Em setembro de 2008, quando Costa ainda era ministro, o Tribunal de Contas da União determinou mudanças no edital. O relançamento ocorre agora, a dois meses da campanha eleitoral.
Na época, a Controladoria-Geral da União também contestou o fato de Costa ter assinado portaria que transferiu da Secretaria de Telecomunicações para a secretaria-executiva da pasta a função de coordenar o projeto.
Na prática, a medida repassou para José Vicente Santos, então assessor parlamentar do ministério, a tarefa de definir os municípios atendidos. Entre as atribuições dele estava a de fazer a ponte entre congressistas e o ministério. A alteração de competência, no entendimento da CGU à época, não poderia ser feita por portaria.
José Vicente foi indicado por ele para assumir a Secretaria de Telecomunicações, pasta estratégica por tratar da concessão de rádio e TV. Procurado ontem, o ex-ministro não ligou de volta à Folha.


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