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São Paulo, sábado, 14 de junho de 2003

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GOVERNO

Ministro diz que não tem poder e que é ilusão supor que ele possa nomear alguém sem a autorização do presidente

Dirceu afirma que é apenas o "executor" das decisões de Lula

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, minimizou ontem a ampliação de seu poder sobre o preenchimento de cargos do Executivo, afirmando que é "apenas um executor de decisões" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Desde anteontem, por decreto do presidente da República, o ministro da Casa Civil acumula o poder de preencher todos os postos de Direção e Assessoramento Superiores (DAS) do Executivo, que somam ao todo 17.851 cargos de confiança. Dirceu pode delegar as nomeações aos ministros.
"Eu não tenho poder nenhum. Quem tem poder é o presidente da República, que foi eleito pelo povo. Sou ministro, sou auxiliar dele. Essa história de que sou ministro forte é muito bom para vender jornal. Mas, na realidade, não conta nada", disse Dirceu ao chegar à reunião de deputados estaduais do PT, em Brasília.
Desde anteontem, Dirceu acumula o poder de preenchimento de todos os postos de Direção e Assessoramento Superiores (DAS) do Executivo, o que representa 17.851 cargos de confiança. Decreto assinado por Lula permite que Dirceu delegue as nomeações aos ministros. Mas também pode fazê-las por conta própria.
Antes da medida, o preenchimento dos cargos de níveis 1 a 4 (com salários que variam de R$ 3.584 a R$ 5.794) podia ser feito pelos próprios ministros, sem a interferência do ministro-chefe da Casa Civil. "É história dizer que [o decreto] aumenta o poder da Casa Civil e do ministro Dirceu. É história para boi dormir", disse ele, para quem o decreto é "uma medida burocrática normal".
Lembrando que acompanha Lula há 23 anos "com absoluta lealdade, sentido de hierarquia e disciplina", Dirceu disse que é ilusão acreditar que haverá nomeações sem a autorização do presidente. "É ilusão. É sonho de uma noite de verão alguém achar que uma nomeação possa sair sem a chancela, a autorização e a determinação do presidente Lula."

Governo ou oposição
Ao ser questionado se poderia ser mais fácil lidar com parlamentares estaduais do que com federais, Dirceu aproveitou para cobrar apoio ao governo federal.
"Parlamentar do PT é sempre indócil, rebelde e irrequieto. Está sempre discutindo e debatendo. Isso é uma coisa. Agora, temos que ser os primeiros a apoiar o presidente Lula. Se não, aí não é governo. É preciso decidir se é governo ou oposição. Não existe meio-termo político", declarou.


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