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PREVIDÊNCIA
Deputados decidem propor seis mudanças no projeto de reforma, mas a palavra final será do ministro José Dirceu
PT desiste de barrar tributação de inativos
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O núcleo de deputados federais
do PT responsável pela definição
das emendas à reforma da Previdência Social que serão defendidas pelo partido encerrou os trabalhos elaborando seis propostas
de alteração e descartando a intenção de tentar retirar do texto a
cobrança de contribuição previdenciária dos servidores inativos,
principal ponto defendido pela
esquerda do partido.
A Folha obteve ontem acesso ao
teor das emendas, que tratam dos
principais pontos da reforma entregue pessoalmente à Câmara
dos Deputados pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva. O texto
petista traz ainda outras três importantes modificações em relação ao que vinha sendo discutido
inicialmente pelos deputados.
As seis emendas devem ser
aprovadas pela bancada de 93 deputados na terça-feira e, então, serão apresentadas informalmente
ao ministro-chefe da Casa Civil,
José Dirceu, que dará a palavra final sobre o que o governo pode
aceitar discutir. Somente as que
obtiverem o aval do Planalto têm
chances de serem oficialmente
apresentadas como emendas da
bancada do PT à reforma.
Na questão da cobrança dos
inativos, a comissão definiu que a
bancada escolherá entre duas opções: só tributar a faixa do benefício que ultrapassar R$ 2.400 ou
definir esse valor como a faixa de
isenção para o funcionalismo federal e deixar para os Estados a
definição sobre qual valor taxar.
As outras quatro mudanças importantes são as relativas ao cálculo do benefício (proposta é de
usar a média dos 80 maiores salários desde 1994), à redução das
pensões a até 70% do salário dos
servidores (proposta de não haver
redução para salários até R$
2.400) e à desistência de alterar a
proposta de tetos e subtetos salariais.
As outras sugestões -alteração
da proposta de aumento de sete
anos na idade mínima para aposentadoria do funcionalismo e
criação de fundos públicos de
Previdência complementar-
continuaram mais ou menos semelhantes às que já vinham sendo
anunciadas.
Derrotados na intenção de tentar alterar de forma mais profunda a reforma, os cerca de 30 deputados mais à esquerda da legenda
ficaram restritos à possibilidade
de apresentar emendas por conta
própria ou apoiadas por grupos
específicos de deputados.
O problema é que elas não receberiam o aval nem do PT nem do
governo, o que as deixaria com
mínima chance de aprovação.
As seis emendas petistas terão
ainda a redação final feita por técnicos do partido até a terça-feira.
Seus pontos centrais foram definidos pela comissão formada, entre outros, pelos deputados Arlindo Chinaglia (SP) -que coordenou o grupo-, José Eduardo
Cardoso (SP), Henrique Fontana
(RS), Maurício Rands (PE), Durval Orlato (SP) e Ivan Valente
(SP), o único representante "esquerdista" do grupo, majoritariamente pró-governo.
Trâmite
A reforma da Previdência chegou à Câmara dos Deputados no
dia 30 de abril e foi declarada
constitucional pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) no
último dia 5. O texto está em análise agora na comissão especial,
instalada anteontem, onde fica
por cerca de dois meses.
Na comissão especial, o texto
pode sofrer as emendas relativas
ao mérito. Após aprovação na comissão do parecer do relator (José
Pimentel, do PT do Ceará), o texto
vai a votação em dois turnos no
plenário.
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