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São Paulo, sábado, 14 de junho de 2003

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CONTRA-REFORMA

"Acorda Lula" não será mais passeata, e deve ocorrer em recinto fechado; notáveis do PSB vão ao Rio

Pressionado, Garotinho "fecha" protesto

MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO

Pressionado pela direção nacional do PSB, o ex-governador e secretário de Segurança do Rio, Anthony Garotinho, decidiu fazer o ato de protesto "Acorda Lula, antes que seja tarde" em um local fechado, e não mais em forma de passeata. Mesmo assim, Garotinho não está disposto a abandonar a disposição de demonstrar publicamente sua insatisfação com o governo Lula.
Segundo Garotinho, o ato, marcado para o dia 17, é contra as reformas e a política econômica do governo federal, que têm o apoio da direção nacional do PSB.
O ex-governador alegou falta de segurança para mudar o local do protesto e negou que tenha sofrido pressão do partido. Anteontem, a Executiva Nacional do PSB havia decidido proibir a passeata.
"Se houvesse pressão, eu não iria fazer o ato. A medida foi por precaução, porque nós tivemos informes de que estariam infiltrando pessoas para provocarem baderna durante o evento", disse Garotinho, sem revelar quem seriam os baderneiros.
O movimento "Acorda Lula" foi lançado por Garotinho no início do mês. Segundo ele, a intenção é "trazer Lula à realidade", fazendo-o ser "coerente com o que defendeu durante a campanha".
A decisão de trocar o local do protesto foi aprovada ontem à noite no 1º Pré-Congresso do PSB do Rio. Segundo a filha do governador, Clarissa Matheus, que foi contra a mudança do local da manifestação, o partido havia fechado o aluguel de 90 ônibus com militantes de várias regiões do Estado para participar do ato. "Íamos reunir umas 5.000 pessoas", disse.
Amanhã, uma comissão de notáveis do PSB, formada pelo governador de Alagoas, Ronaldo Lessa, pelo senador João Capiberibe (AP) e pelos deputados federais Luiza Erundina (SP), Renato Casagrande (ES) e Beto Albuquerque (RS), virá ao Rio para falar com Garotinho. Um dos pontos da pauta seria tentar convencê-lo a desistir da passeata.
"Estou confiante que essa comissão que vem aqui irá garantir a minha liberdade de expressão. A censura já acabou no país há muito tempo", disse Garotinho.
Casagrande está irritado com Garotinho. Para ele, a reunião deveria ser sigilosa. "O ex-governador deve saber que divergências internas se discutem dentro do partido, não pela imprensa."
Cada vez mais isolado no PSB, que apóia as reformas e tem cargos no governo, o ex-governador afirmou que só deixará o partido se for expulso. Há 20 dias, ele chegou a negociar com o PMDB e com o PDT uma troca de legenda.


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