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CONTRA-REFORMA
"Acorda Lula" não será mais passeata, e deve ocorrer em recinto fechado; notáveis do PSB vão ao Rio
Pressionado, Garotinho "fecha" protesto
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO
Pressionado pela direção nacional do PSB, o ex-governador e secretário de Segurança do Rio, Anthony Garotinho, decidiu fazer o
ato de protesto "Acorda Lula, antes que seja tarde" em um local fechado, e não mais em forma de
passeata. Mesmo assim, Garotinho não está disposto a abandonar a disposição de demonstrar
publicamente sua insatisfação
com o governo Lula.
Segundo Garotinho, o ato, marcado para o dia 17, é contra as reformas e a política econômica do
governo federal, que têm o apoio
da direção nacional do PSB.
O ex-governador alegou falta de
segurança para mudar o local do
protesto e negou que tenha sofrido pressão do partido. Anteontem, a Executiva Nacional do PSB
havia decidido proibir a passeata.
"Se houvesse pressão, eu não
iria fazer o ato. A medida foi por
precaução, porque nós tivemos
informes de que estariam infiltrando pessoas para provocarem
baderna durante o evento", disse
Garotinho, sem revelar quem seriam os baderneiros.
O movimento "Acorda Lula" foi
lançado por Garotinho no início
do mês. Segundo ele, a intenção é
"trazer Lula à realidade", fazendo-o ser "coerente com o que defendeu durante a campanha".
A decisão de trocar o local do
protesto foi aprovada ontem à
noite no 1º Pré-Congresso do PSB
do Rio. Segundo a filha do governador, Clarissa Matheus, que foi
contra a mudança do local da manifestação, o partido havia fechado o aluguel de 90 ônibus com militantes de várias regiões do Estado para participar do ato. "Íamos
reunir umas 5.000 pessoas", disse.
Amanhã, uma comissão de notáveis do PSB, formada pelo governador de Alagoas, Ronaldo
Lessa, pelo senador João Capiberibe (AP) e pelos deputados federais Luiza Erundina (SP), Renato
Casagrande (ES) e Beto Albuquerque (RS), virá ao Rio para falar com Garotinho. Um dos pontos da pauta seria tentar convencê-lo a desistir da passeata.
"Estou confiante que essa comissão que vem aqui irá garantir
a minha liberdade de expressão.
A censura já acabou no país há
muito tempo", disse Garotinho.
Casagrande está irritado com
Garotinho. Para ele, a reunião deveria ser sigilosa. "O ex-governador deve saber que divergências
internas se discutem dentro do
partido, não pela imprensa."
Cada vez mais isolado no PSB,
que apóia as reformas e tem cargos no governo, o ex-governador
afirmou que só deixará o partido
se for expulso. Há 20 dias, ele chegou a negociar com o PMDB e
com o PDT uma troca de legenda.
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