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"Sou mulher de um homem só, diz ex de ministro
DO ENVIADO A CRUZEIRO DO OESTE (PR)
Leia a seguir entrevista dada à
Folha por Clara Becker, ex-mulher de José Dirceu durante sua
estada em Cruzeiro do Oeste:
Folha - A sra. pretende se encontrar com o ministro?
Clara Becker - O quê? Vou ao jantar para ele em Umuarama, ao almoço aqui eu vou também, ao
jantar aqui e ao show à noite!
Folha - Então o coração ainda bate mais forte pelo "Carlos"?
Becker - [Com os olhos cheios de
água] Sou mulher de um homem
só. Não casei outra vez. Achei
meu amor, mas não deu certo.
Nem namorei ninguém depois. O
"Carlos" não foi meu primeiro
namorado mas foi o último.
Folha - Hoje em dia a sra. se dá
bem com o José Dirceu?
Becker - Muito bem. Mas nunca
o chamo de Dirceu, só de "Carlos". Quer dizer, agora até chamo,
sempre chamamos ele de Carlos,
não dá para mudar, né?
Folha - A sra. liga para ele de vez
em quando?
Becker - Não, porque não tenho
muito o que falar com ele. Quer
dizer, quando preciso dar umas
chamadas nele eu ligo, reclamar
alguma coisa [risos].
Folha - Mas houve briga?
Becker - Não. É que não deu, ele
é político, foi para São Paulo e eu
fiquei aqui. E eu não podia largar
tudo. E a coisa longe não dá certo.
Cheguei a ir umas vezes, a gente
morou junto na rua Pinheiros, em
cima de um restaurante. A política e a distância mataram o amor.
Folha - E o filho?
Becker - O Zeca tinha um ano
quando nos separamos, mas o
Dirceu sempre vinha para cá, no
começo uma vez por mês, depois
no Natal, aniversário. Quando começamos a brigar muito ele disse:
"Você só tem uma rival: a política". Hoje ele só liga para política...
Folha - A sra. guarda mágoa?
Becker - Não, não... No começo,
pensei em cortar definitivamente
com tudo. Mas ia machucar meu
filho, então continuei amiga, recebendo em casa.
Folha - Viu que ele agradeceu à
sra. no discurso de posse?
Becker - Não, eu não fui à posse...
O Zeca falou que foi emocionante,
que foi bom. Mas, realmente, eu
dei muita mão para o Dirceu.
Folha - A sra. sabia quem ele era
na verdade?
Clara - Nada. Não desconfiava.
Folha - E era bom marido?
Clara - Era ótimo. Não era mulherengo, não bebia, não fumava,
não saía à noite, ajudava na louça,
eu lavava e ele enxugava, o marido que toda mulher quer.
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