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SUCESSÃO
Reação da oposição leva ministro à afirmação
Estabilidade não é consenso, diz Malan
VALDO CRUZ
Diretor-executivo da Sucursal de Brasília
VIVALDO DE SOUSA
da Sucursal de Brasília
O ministro
Pedro Malan
(Fazenda) disse
à Folha ter
"dúvidas" se
existe um consenso na sociedade brasileira
sobre a necessidade de manter a
inflação sob controle e atingir um
equilíbrio fiscal.
A declaração de Malan é uma
resposta ao PT, que não quis discutir sua proposta de fazer um
acordo entre governo e oposição
de manutenção de uma política
econômica que garanta a estabilidade de preços.
"Não achei que era pedir demais. Mas, pelas reações, alguns
acharam que era pedir demais. Isso me fez ficar na dúvida se existe
um consenso básico na sociedade
brasileira sobre essas questões."
O candidato do PT, Luiz Inácio
Lula da Silva, chegou a afirmar
que, se o ministro Pedro Malan
quer alguma coisa, ele deveria sair
candidato. "Burocrata não terá
vez. Ele (Malan) só sabe enxergar
números e pesquisas e não sabe
que, por trás de cada número, há
uma criança com fome, um brasileiro desempregado", disse Lula.
Malan afirmou que sua proposta
era que houvesse uma "manifestação clara, sem tergiversações",
por parte do governo e das oposições, sobre "questões básicas que
já foram resolvidas em outras economias do mundo".
Como exemplo, o ministro citou
a estabilidade de preços, que preserva o poder de compra da moeda e do salário do trabalhador.
Segundo Malan, algo parecido
aconteceu em outros países, como
Argentina, França e Inglaterra.
Nos dois últimos, partidos de esquerda chegaram ao poder.
O ministro descarta ainda uma
aceleração nas desvalorizações do
real, como defende o PT. Prefere
também aguardar a divulgação do
programa econômico de Lula para
comentá-lo como um todo.
LULA E AS PESQUISAS - Ao comentar a subida de Lula nas pesquisas, Malan afirma: "Todos sabem que teremos uma eleição em
outubro, e a maioria vai escolher
aquele que lhe parece mais conveniente". O ministro diz encarar isso com serenidade. "Vivemos numa sociedade democrática."
PROGRAMA DO PT - "Eu me reservo o direito de comentar o programa depois que tiver sido apresentado à sociedade. Eu sou cauteloso." O PT prometeu anunciar
seu plano de governo depois da
Copa do Mundo.
ACORDO - Malan diz que jamais
pediu um apoio "completo e generalizado" à política econômica
de FHC. O ministro diz que um
acordo seria interessante para as
próprias oposições.
"No resto do mundo, as pessoas
chegaram à conclusão de que inflação baixa é de interesse do país.
E o respeito a restrições orçamentárias é algo que todo e qualquer
governo sério e responsável deve
levar em conta."
ARGENTINA - Malan diz que as
oposições ao governo Carlos Menem assinaram, no ano passado,
um documento assumindo o
compromisso de assegurar a estabilidade do poder de compra do
peso.
Sobre a Inglaterra, o ministro
afirma que o trabalhismo britânico passou 15 anos alterando os estatutos do partido para deixar claro que seria mantido o poder de
compra da libra esterlina e respeitadas as restrições orçamentárias.
POLÍTICA CAMBIAL - O PT defende uma aceleração nas desvalorizações do real. Malan não concorda. Diz que não há necessidade
de desvalorizar o real além do que
o governo vem fazendo. "A política cambial está correta."
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