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Saúde e
Educação
pressionam
por mais
verbas
em ano
eleitoral
da Sucursal de Brasília
A área econômica precisa entender que não existe somente a dívida pública. Você tem que resgatar
a dívida pública e também a dívida
social.
A frase, dita por um assessor do
presidente Fernando Henrique
Cardoso à Folha, mostra como estão as pressões dentro do governo
por mais verbas para a área social.
A Folha apurou que essas pressões vêm principalmente dos ministérios da Saúde e da Educação.
Juntas, as duas pastas estão pedindo recursos adicionais de R$ 1,45
bilhão para gastar neste ano.
O governo vem sendo acusado
pela oposição de não ter conseguido cumprir suas promessas na
área social. Aliados do presidente
defendem um aumento de gastos
sociais para inverter a queda nas
pesquisas.
A idéia em discussão é usar parte
do dinheiro da receita obtida com
a privatização da banda B da telefonia móvel celular.
O Orçamento Geral da União
prevê que serão usados R$ 2 bilhões arrecadados com a telefonia
móvel para abater dívida.
Acontece, porém, que as concessões foram vendidas acima do preço mínimo e isso gerou uma receita adicional de outros R$ 2 bilhões. É parte desse dinheiro que
está sendo disputada pela área social do governo.
No ano passado, o ministro Paulo Renato Souza (Educação) negociou com o presidente Fernando
Henrique Cardoso e conseguiu R$
500 milhões dessa receita para o
programa "Toda Criança na Escola".
Agora, quer pelo menos mais R$
350 milhões para complementar
os recursos para a merenda escolar, crédito educativo e compra de
livros didáticos.
O ministro José Serra (Saúde)
também quer uma parte do R$ 1,5
bilhão que sobrou. No seu caso, o
dinheiro seria usado para ampliar
o atendimento ambulatorial de
média e alta complexidade, compra de medicamentos, programa
de combate ao câncer de colo uterino e incentivar o atendimento na
emergência.
A Folha apurou que esses gastos
adicionais chegariam perto de R$
1 bilhão. R$ 509 milhões seriam
usados somente na ampliação do
atendimento ambulatorial. A Folha apurou que FHC já teria garantido a Serra pelo menos mais
R$ 165 milhões para incentivar e
melhorar o atendimento na emergência dos hospitais.
Responsável pelo caixa do Tesouro Nacional, o ministro Pedro
Malan (Fazenda) disse à Folha
que, até agora, a única decisão de
governo é o repasse dos R$ 500
milhões para a Educação. "Exceto
esses recursos, eu desconheço outra decisão de governo", afirmou.
"Acho que dez entre dez economistas sérios nesse país são contrários ao uso de receitas da privatização para financiar despesas
correntes do governo", disse.
No caso da Educação, foi uma
decisão política, afirmou Malan.
Para ele, os recursos adicionais da
banda B "não estão sobrando".
Malan disse que o uso previsto para esses recursos "é a redução do
estoque da dívida pública". Embora o ministro não tenha confirmado, a Folha apurou que o uso de
uma nova parcela dos recursos
obtidos com a concessão da banda
B para programas na área social
está sendo discutido com FHC.
Todos os envolvidos nas negociações negam interesse eleitoral.
Argumentam que os investimentos devem ser feitos porque são
necessários e deixam visíveis
obras do governo federal. Contrário ao puro aumento dos gastos,
Malan propõe que os recursos sejam usados integralmente para
abater dívidas.
"Alguns acham que detêm, frequentemente por delegação própria, o monopólio da preocupação
com o social, com o resgate da dívida social. Eu não aceito isso. Não
é algo para ser levado a sério",
afirmou Malan.
No Ministério da Saúde, porém,
as pressões por mais recursos não
se restringem ao Orçamento deste
ano, no qual já há previsão de gastos de R$ 19,5 bilhões -que pode
chegar a R$ 20,5 bilhões com os
novos pedidos. Para o próximo
ano, o objetivo é elevar esses gastos para R$ 21 bilhões.
(VIVALDO DE SOUSA e VALDO CRUZ)
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