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NORDESTE
Presidente passa poucas horas em Tejuçuoca, no CE
FHC 'bate ponto' e ignora saques de maio
do enviado especial
No dia 4 de
maio, o presidente Fernando
Henrique Cardoso bateu ponto na seca e desceu na cidade
cearense de Tejuçuoca. Foi uma passagem de
poucas horas, ilustrada pela sua
curiosidade ao observar uma espiga de milho murcha e pelo seu otimismo: "Comida há. Os armazéns do governo estão cheios. Mas
a população sofrida daqui quer
mesmo é trabalhar, quer trabalho,
quer dignidade, não quer esmola".
Enquanto o presidente voava de
volta a Brasília, o ministro do Planejamento, Paulo Paiva, entrava
num dos salões do Hotel Glória,
no Rio de Janeiro. Sentou-a à cabeceira de uma mesa circular, enfeitada com bromélias. Tinha à
frente uma garrafa de água Lindoya e cinco ex-chefes de governo,
entre os quais o alemão Helmut
Schmidt e o japonês Kiichi Miyazawa. Falou por meia hora sobre a
situação do Brasil. Nem uma palavra sobre seca. Pelo contrário:
"No Nordeste, estamos desenvolvendo um programa de irrigação
nos grandes lagos. Serão 1 milhão
de hectares irrigados, gerando 100
mil empregos a médio prazo".
(Trata-se de um projeto arquivado.)
No dia 4 de maio, no Brasil espetacular, ou não havia seca ou, havendo-a, como informara o presidente: "Os armazéns do governo
estão cheios".
Nesse mesmo dia ocorreram pelo menos nove saques no Nordeste. Seis no Ceará, dois em Pernambuco e um no Rio Grande do Norte. Em Senador Sá, Nova Russas e
Tauá. Os armazéns haviam amanhecido cheios, mas, à hora em
que o presidente os mencionou, já
estavam saqueados.
Nesta página, vai a história de
cada uma dessas cidades do sertão
cearense e de seus saques.
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