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Carcereiros pressionam Mercadante em missa
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
De volta às ruas ontem com
sua agenda voltada para captação de votos criados com a crise
da segurança pública em São
Paulo, o candidato petista Aloizio Mercadante sofreu o constrangimento de ouvir críticas
indiretas de sua omissão como
parlamentar e, também, de haver "crime organizado" até no
Palácio do Planalto.
As estocadas foram feitas pelo secretário-geral do sindicato
da categoria, Antonio Ferreira,
durante uma missa em memória aos 15 agentes mortos nos
atentados do PCC, celebrada na
sede do sindicato, na zona norte de São Paulo.
O senador estava sentado na
primeira fila, ao lado dos deputados estaduais Renato Simões
e Ítalo Cardoso (ambos do PT).
Sem citar nomes, Ferreira
acusou políticos e autoridades
das três esferas, sem fazer ressalva aos parlamentares presentes, pelo caos vivido atualmente na segurança pública.
"A maioria das autoridades é
a maior responsável. Seja do
Judiciário, seja do Legislativo.
Porque temos umas leis [ultrapassadas]. Código Penal, Código Processual Penal, Lei de
Execução Penal- e lá não fazem nada. Seja do Executivo,
que usa apenas construir cadeias, gastando somas e somas
de dinheiro", afirmou.
O sindicalista chegou ao ser
aplaudido ao dizer que se fossem deputados, secretários ou
governadores que estivessem
sendo mortos pelo PCC, medidas eficazes contra esses ataques já teriam sido tomadas.
"[Eles dizem] Podem esperar.
Eu vou fazer uma ação, amanhã
eu decreto tal coisa, amanhã eu
lhe dou uma arma. E vai se enterrando as pessoas", disse.
A referência as armas também foi uma crítica indireta a
Mercadante que apresentou
um pedido na Polícia Federal
para armar os agentes e vem
usando isso para angariar votos. "As armas resolvem? Não.
Pode ser [medida] paliativa para salvar a vida de um e de outro. Mas elas não resolvem."
"Aqui, em nome da diretoria,
eu conclamo todos a darem as
mãos contra o crime organizado. Não é contra aquele coitado
que rouba alguma coisa para se
alimentar. É contra o crime organizado, que está na cadeia,
como aqueles que também estão nos palácios", Afirmou Ferreira, que confirmou mais tarde à Folha estar se referindo
aos palácios do Planalto, sede
do governo federal, e dos Bandeirantes, governo estadual.
O senador disse compreender as críticas e tentou não se
incluir entre os alvos. "Acho
que é um desabafo que tem que
ter toda a compreensão da sociedade e, mais que isso, a solidariedade concreta e efetiva. E
medidas das autoridades para
reverter esse quadro", disse.
Ao ser questionado de seu
papel como legislador, o petista
culpou a Câmara pela não-aprovação de projetos importantes, como uma lei para armar agentes e o agravamento
de sanções para uso de celular
em presídios. "Esse conjunto
de proposições está na Câmara
que, em função de uma série de
dificuldades, infelizmente não
pôde analisar e votar. Acho que
deveria ser urgência e prioridade essa aprovação."
Mais uma vez indagado se ele
e o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva fizeram todo o possível
para minimizar o problema na
segurança, o petista transferiu
o endereço da fatura. "Acho
tem muita coisa para ser feita,
mas a competência de gestão
do sistema prisional, da Polícia
Civil, da Polícia Militar, e toda
responsabilidade da segurança
pública, é do Estado. O governo
federal só pode agir se for em
parceria", disse Mercadante.
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