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ELEIÇÕES 2006 / CRISE NA SEGURANÇA
Discurso de Bornhausen é golpista, diz PT
Presidente do partido diz que pefelista agiu de forma oportunista e leviana ao sugerir elo entre PT e PCC nos ataques em SP
Dilma afirma que Serra, que
também fez insinuações
sobre o PT, tenta transferir a
questão política grave de
São Paulo para o partido
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
A suspeita levantada pelo
presidente do PFL, senador
Jorge Bornhausen (SC), de envolvimento do PT nas ações comandadas pelo PCC em São
Paulo, foi considerada "oportunista" e "golpista" por parlamentares petistas, além de uma
tentativa de descolar a crise de
segurança pública das gestões
tucanas e pefelistas do Estado.
"Lamento que um senador
da República aja de forma tão
irresponsável e golpista, usando do oportunismo em um assunto de tamanha gravidade
como a crise e a violência que se
alastra no Estado de São Paulo", afirmou o presidente do
PT, deputado Ricardo Berzoini
(SP), para quem a declaração de
Bornhausen foi "leviana".
Ontem à noite, em São Paulo,
a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) criticou o candidato
tucano ao governo do Estado,
José Serra, que endossou a declaração do pefelista.
"Ele [Serra] está tentando
transferir a questão política
grave de São Paulo para o PT. É
estarrecedor, no momento em
que se mostra claramente que
há uma falência da Segurança
Pública no Estado de São Paulo,
que essa responsabilidade seja
transferida ao partido."
O presidente do PFL, que é
articulador da campanha de
Geraldo Alckmin (PSDB) à Presidência, tentou fundar suas
suspeitas afirmando que há
coincidência entre os ataques
da facção criminosa e as pesquisas de intenção de voto favoráveis ao tucano.
"Vindo do cérebro fascista de
Bornhausen, tudo é possível. O
presidente do PFL precisa se
olhar no espelho para ver quem
são os culpados pelo atual cenário de violência em São Paulo",
afirmou o deputado Dr. Rosinha (PT-PR). Bornhausen já
havia se envolvido em uma polêmica ao afirmar que o país ficaria livre "dessa raça", referindo-se ao PT no auge da crise do
mensalão.
O PT afirmou que vai ingressar com uma notícia-crime
contra Serra por difamação e
difusão de fatos inverídicos.
O senador Eduardo Suplicy
(PT-SP) subiu o tom ontem ao
responder aos ataques do pefelista. "Se há responsáveis pelo
volume de criminalidade no
Brasil, são as pessoas que ocuparam o poder inúmeras vezes
nos últimos anos e não conseguiram construir uma situação
de tranqüilidade no Brasil."
Os petistas aproveitaram para culpar o ex-governador Alckmin e o atual, Cláudio Lembo
(PFL), pela situação. "Se o senador quisesse falar sobre o
PCC, devia começar explicando
por que a organização criminosa ganhou tanta força em São
Paulo, que é governado pelo
PSDB e pelo PFL há 12 anos",
disse o líder do PT na Câmara,
Henrique Fontana (RS).
A líder do PT no Senado, Ideli
Salvati (SC), acusou Bornhausen de ter "alergia às urnas" e
de não aceitar democraticamente a possibilidade de vitória de Lula no primeiro turno.
Segundo a petista, as "vinculações históricas e políticas de
Bornhausen" com a ditadura
militar e governos como o de
Fernando Collor de Mello são
suficientes para demonstrar
que o pefelista "tem dificuldade
de enfrentamento direto nas
urnas". Para ela, pefelistas e tucanos podem até comemorar o
crescimento de Alckmin nas
pesquisas, "mas precisam que
Lula caia. E não caiu".
"Dividendos"
Integrantes de outros partidos criticaram a troca de acusações entre PFL, PSDB e PT.
"Não é com acusações de um
partido contra o outro que o
problema vai ser resolvido",
disse o presidente da Câmara,
Aldo Rebelo (PC do B-SP).
"É inaceitável que as prisões
brasileiras tenham virado campos de concentração para os ladrões pobres e em faculdades
para os chefões do crime", disse
a candidata do PSOL Heloísa
Helena.
(FERNANDA KRAKOVICS,ADRIANO CEOLIN E MALU DELGADO)
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