São Paulo, sexta-feira, 14 de julho de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / CRISE NA SEGURANÇA

Discurso de Bornhausen é golpista, diz PT

Presidente do partido diz que pefelista agiu de forma oportunista e leviana ao sugerir elo entre PT e PCC nos ataques em SP

Dilma afirma que Serra, que também fez insinuações sobre o PT, tenta transferir a questão política grave de São Paulo para o partido

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

DA REPORTAGEM LOCAL

A suspeita levantada pelo presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), de envolvimento do PT nas ações comandadas pelo PCC em São Paulo, foi considerada "oportunista" e "golpista" por parlamentares petistas, além de uma tentativa de descolar a crise de segurança pública das gestões tucanas e pefelistas do Estado.
"Lamento que um senador da República aja de forma tão irresponsável e golpista, usando do oportunismo em um assunto de tamanha gravidade como a crise e a violência que se alastra no Estado de São Paulo", afirmou o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), para quem a declaração de Bornhausen foi "leviana".
Ontem à noite, em São Paulo, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) criticou o candidato tucano ao governo do Estado, José Serra, que endossou a declaração do pefelista.
"Ele [Serra] está tentando transferir a questão política grave de São Paulo para o PT. É estarrecedor, no momento em que se mostra claramente que há uma falência da Segurança Pública no Estado de São Paulo, que essa responsabilidade seja transferida ao partido."
O presidente do PFL, que é articulador da campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) à Presidência, tentou fundar suas suspeitas afirmando que há coincidência entre os ataques da facção criminosa e as pesquisas de intenção de voto favoráveis ao tucano.
"Vindo do cérebro fascista de Bornhausen, tudo é possível. O presidente do PFL precisa se olhar no espelho para ver quem são os culpados pelo atual cenário de violência em São Paulo", afirmou o deputado Dr. Rosinha (PT-PR). Bornhausen já havia se envolvido em uma polêmica ao afirmar que o país ficaria livre "dessa raça", referindo-se ao PT no auge da crise do mensalão.
O PT afirmou que vai ingressar com uma notícia-crime contra Serra por difamação e difusão de fatos inverídicos.
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) subiu o tom ontem ao responder aos ataques do pefelista. "Se há responsáveis pelo volume de criminalidade no Brasil, são as pessoas que ocuparam o poder inúmeras vezes nos últimos anos e não conseguiram construir uma situação de tranqüilidade no Brasil."
Os petistas aproveitaram para culpar o ex-governador Alckmin e o atual, Cláudio Lembo (PFL), pela situação. "Se o senador quisesse falar sobre o PCC, devia começar explicando por que a organização criminosa ganhou tanta força em São Paulo, que é governado pelo PSDB e pelo PFL há 12 anos", disse o líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS).
A líder do PT no Senado, Ideli Salvati (SC), acusou Bornhausen de ter "alergia às urnas" e de não aceitar democraticamente a possibilidade de vitória de Lula no primeiro turno.
Segundo a petista, as "vinculações históricas e políticas de Bornhausen" com a ditadura militar e governos como o de Fernando Collor de Mello são suficientes para demonstrar que o pefelista "tem dificuldade de enfrentamento direto nas urnas". Para ela, pefelistas e tucanos podem até comemorar o crescimento de Alckmin nas pesquisas, "mas precisam que Lula caia. E não caiu".

"Dividendos"
Integrantes de outros partidos criticaram a troca de acusações entre PFL, PSDB e PT. "Não é com acusações de um partido contra o outro que o problema vai ser resolvido", disse o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP).
"É inaceitável que as prisões brasileiras tenham virado campos de concentração para os ladrões pobres e em faculdades para os chefões do crime", disse a candidata do PSOL Heloísa Helena. (FERNANDA KRAKOVICS,ADRIANO CEOLIN E MALU DELGADO)


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