São Paulo, sexta-feira, 14 de julho de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / SÃO PAULO

Crise apressa propostas de candidatos para segurança

Tucano quer integrar órgãos de inteligência; petistas criticam "polícia reativa'

PT e PMDB vão buscar na Comissão de Segurança da Assembléia elaboradores de seus planos; Serra escala vice e ex-ministro da Justiça

CATIA SEABRA
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A crise de segurança pública em São Paulo está pressionando os candidatos ao governo do Estado a apressar suas propostas para a área e a buscar ajuda de especialistas para tratar do tema. Até agora, nenhum dos três concorrentes mais bem colocados nas pesquisas de intenção de voto apresentou um programa de governo oficial.
Candidato da situação, o tucano José Serra tem tarefa dupla: discutir propostas e responder às críticas ao governo estadual, há 12 anos sob administração do PSDB e classificado por seus adversários como ineficiente na condução de políticas de segurança.
Serra escolheu seu vice, o deputado federal Alberto Goldman (PSDB), e Aloysio Nunes Ferreira, ministro da Justiça no governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), para elaborar seu programa para a segurança. Mas o plano oficial ainda não foi apresentado.
Líder nas pesquisas de intenção de votos, o tucano aponta a integração dos órgãos de inteligência como uma prioridade. Ele defende o fim das cadeias em delegacias e a construção de presídios. "Promoveremos ampla realocação de presos entre as unidades segundo seu grau de periculosidade e turbinaremos a implantação de centros de ressocialização", diz Serra.

PT e PMDB
Aloizio Mercadante (PT) e Orestes Quércia (PMDB) buscaram na Assembléia Legislativa de São Paulo dois dos principais críticos do atual secretário da Segurança do Estado, Saulo de Castro Abreu Filho, para a elaboração de seus planos.
Do lado petista, foi indicado Vanderlei Siraque, vice-presidente da Comissão de Segurança da Assembléia. O PMDB escolheu Romeu Tuma Júnior, também da comissão e deputado-corregedor da Assembléia.
Siraque, mestre em direito constitucional, foi autor do pedido de CPI sobre a suposta maquiagem nos boletins de ocorrência pelo governo paulista. A suspeita era que parte das ocorrências de crimes graves, como homicídio, seria registrada como casos mais simples nas estatísticas estaduais.
Para o petista, os 12 anos de governo PSDB foram marcados pela falta de política para a segurança. "É uma polícia [apenas] reativa", afirmou ele.
Um ponto que Siraque disse ter incluído no plano, que ainda será analisado por Mercadante para a palavra final, é criar um apoio para familiares das vítimas, com indenizações e acompanhamento psicológico.
O cientista político Guaracy Mingardi, do Instituto Latino-Americano das Nações Unidas para Prevenção do Delito e Tratamento do Delinqüente, faz parte do grupo de pessoas indicadas por Mercadante.
Para ele, está evidente que o Estado investiu mal a verba da segurança, já que, nos ataques, policiais foram pegos de surpresa. "Agiram depois, como boxeadores encurralados nas cordas. Grogues, bateram para o lado que estavam virados."
O deputado Tuma Júnior, que acusa o governo de praticar assassinatos para mostrar força, propõe valorizar a inteligência policial e as estratégias de política de segurança. Ele diz que a indicação política para cargos de chefia, em especial o comando dos presídios, enfraquece a qualidade do serviço.


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