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TRANSIÇÃO
Para presidenciável, reunião prejudicaria sua recuperação
Contrário ao convite, Serra aceita após falar com FHC
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso conversou no último
domingo com o tucano José Serra
sobre o convite que pretendia fazer aos quatro principais candidatos à Presidência para discutir o
acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
O tucano era contrário aos encontros, por entender que passaria a idéia de que nem FHC acredita mais na sua recuperação.
Além disso, ele foi o primeiro e o
único a defender o acordo incondicionalmente. Rendendo-se à
decisão do presidente, resolveu
usar a iniciativa para posar de estadista cujo interesse do país estaria acima da própria candidatura.
"Não beneficia [a reunião com
os presidenciáveis] nem o candidato A nem o candidato B", dizia
ontem Serra. "Beneficia o Brasil."
A equipe de Serra argumenta
também que o próprio FHC tomou decisões duras no ano de sua
reeleição, em 1998, dizendo que
elas eram necessárias ao país. Serra vai tentar faturar o acordo e o
encontro de FHC com antigos desafetos nos seus programas no
horário eleitoral gratuito.
O problema, para Serra, é que o
acordo não acalmou o mercado,
como se esperava. Nesse contexto, o Planalto e os estrategistas da
campanha passaram a avaliar que
a conversa de FHC com os presidenciáveis pode ser útil ao tucano,
desde que contribua efetivamente
para acabar com a instabilidade
do mercado financeiro.
Para os estrategistas de Serra,
será bom para o candidato governista que a eleição ocorra num clima de estabilidade econômica. Isso permitiria ao eleitor optar por
um voto mais racional e menos
emocional.
Crise
Um quadro de crise aguda, na
avaliação da campanha tucana, só
beneficiaria Ciro Gomes, o candidato do PPS: o tom de seu discurso estaria passando à população a
imagem do candidato bem preparado, que fala bem e vai fazer o
que tem de ser feito.
"A decisão de FHC está correta.
A prioridade é o país. Se é útil ou
não para a campanha, isso é secundário", disse à tarde o líder do
PSDB na Câmara, Jutahy Magalhães (BA).
Tanto a equipe de Serra quanto
Jutahy Magalhães procuraram
ontem caracterizar a iniciativa de
FHC como "um gesto para fora",
uma sinalização para os investidores internacionais de que a
transição de poder no país ocorrerá sem traumas ou rupturas.
Esta não é a primeira vez que
Serra e FHC assumem posições
divergentes ao longo da campanha do tucano. Isso já havia ocorrido em relação à taxa de juros e
ao aumento do preço do gás de
cozinha, para citar os exemplos
mais recentes.
Colaborou RAQUEL ULHÔA, da Sucursal
de Brasília
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