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Presidente diz que candidatos têm de "assumir suas responsabilidades"
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que
convidou os principais candidatos à Presidência para reunião
porque considera que eles também têm de "assumir suas responsabilidades" para contornar a
falta de confiança do mercado na
economia brasileira, atribuída
por FHC ao processo eleitoral.
"Nós não podemos deixar que
haja falta de confiança por causa
de uma eleição. A eleição é um
processo democrático. O povo
decidirá. Mas os candidatos têm
que assumir suas responsabilidades. Eu gostaria de vê-los assumindo. Alguns já o fizeram", disse
FHC, sem explicitar nomes, após
reunião sobre a Cúpula Mundial
sobre Desenvolvimento Sustentável -que começa no dia 26, na
África do Sul-, no Itamaraty.
Para o presidente, o momento
exige que os candidatos "manifestem seu apoio ao país". Ele não
deixou claro se isso significa um
compromisso público e formal de
atender às metas acordadas com o
FMI. Disse apenas que é preciso
que os candidatos "tomem consciência do que está sendo feito e
por que está sendo feito".
Na pauta dos encontros, que
ocorrerão separadamente na próxima segunda, estão a transição
de governo e o acordo com o Fundo Monetário Internacional. O
Planalto divulgou nota com a
confirmação dos encontros com
Ciro Gomes (PPS), Luiz Inácio
Lula da Silva (PT), Anthony Garotinho (PSB) e José Serra (PSDB).
FHC reforçou a posição governista de que não é a credibilidade
econômica que está em jogo, mas
a falta de posicionamento de alguns candidatos. "Hoje dispomos
de credibilidade internacional",
afirmou, utilizando como exemplos os empréstimos obtidos na
semana passada. Para o presidente, falta que "nós próprios brasileiros tenhamos uma posição
mais bem definida em defesa dos
nossos interesses".
Sobre possível queda da taxa de
juros, o presidente afirmou que
isso só será possível depois da estabilização do câmbio e da reabertura de linhas de crédito. "Não há
nenhuma razão para que isso não
ocorra", afirmou.
"O nosso interesse neste momento é baixar a taxa de juros, na
medida do possível. Para que isso
seja possível, é preciso fazer com
que exista uma taxa de dólar mais
razoável e que as linhas de crédito
sejam restabelecidas", explicou.
Malan
O ministro Pedro Malan (Fazenda) disse ontem que não acha
que é necessário que os candidatos anunciem medidas concretas
para garantir o apoio ao acordo
com o FMI. Segundo o ministro,
não é preciso, por exemplo, que
os presidenciáveis antecipem os
nomes dos futuros integrantes da
equipe econômica.
"O que acho necessário é na linha do que [os candidatos] vêm
dizendo, escrevendo, publicando:
que mostrem claramente os seus
compromissos com o país e seu
futuro. Não tenho dúvida de que
farão", disse, após a abertura de
um seminário no Banco Central,
em Brasília, sobre execução fiscal.
Malan considera "sinal de maturidade política" no país a conversa de FHC com os candidatos.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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