São Paulo, quarta-feira, 14 de agosto de 2002

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Presidente diz que candidatos têm de "assumir suas responsabilidades"

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que convidou os principais candidatos à Presidência para reunião porque considera que eles também têm de "assumir suas responsabilidades" para contornar a falta de confiança do mercado na economia brasileira, atribuída por FHC ao processo eleitoral.
"Nós não podemos deixar que haja falta de confiança por causa de uma eleição. A eleição é um processo democrático. O povo decidirá. Mas os candidatos têm que assumir suas responsabilidades. Eu gostaria de vê-los assumindo. Alguns já o fizeram", disse FHC, sem explicitar nomes, após reunião sobre a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável -que começa no dia 26, na África do Sul-, no Itamaraty.
Para o presidente, o momento exige que os candidatos "manifestem seu apoio ao país". Ele não deixou claro se isso significa um compromisso público e formal de atender às metas acordadas com o FMI. Disse apenas que é preciso que os candidatos "tomem consciência do que está sendo feito e por que está sendo feito".
Na pauta dos encontros, que ocorrerão separadamente na próxima segunda, estão a transição de governo e o acordo com o Fundo Monetário Internacional. O Planalto divulgou nota com a confirmação dos encontros com Ciro Gomes (PPS), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Anthony Garotinho (PSB) e José Serra (PSDB).
FHC reforçou a posição governista de que não é a credibilidade econômica que está em jogo, mas a falta de posicionamento de alguns candidatos. "Hoje dispomos de credibilidade internacional", afirmou, utilizando como exemplos os empréstimos obtidos na semana passada. Para o presidente, falta que "nós próprios brasileiros tenhamos uma posição mais bem definida em defesa dos nossos interesses".
Sobre possível queda da taxa de juros, o presidente afirmou que isso só será possível depois da estabilização do câmbio e da reabertura de linhas de crédito. "Não há nenhuma razão para que isso não ocorra", afirmou.
"O nosso interesse neste momento é baixar a taxa de juros, na medida do possível. Para que isso seja possível, é preciso fazer com que exista uma taxa de dólar mais razoável e que as linhas de crédito sejam restabelecidas", explicou.

Malan
O ministro Pedro Malan (Fazenda) disse ontem que não acha que é necessário que os candidatos anunciem medidas concretas para garantir o apoio ao acordo com o FMI. Segundo o ministro, não é preciso, por exemplo, que os presidenciáveis antecipem os nomes dos futuros integrantes da equipe econômica.
"O que acho necessário é na linha do que [os candidatos] vêm dizendo, escrevendo, publicando: que mostrem claramente os seus compromissos com o país e seu futuro. Não tenho dúvida de que farão", disse, após a abertura de um seminário no Banco Central, em Brasília, sobre execução fiscal.
Malan considera "sinal de maturidade política" no país a conversa de FHC com os candidatos.


Colaborou a Sucursal de Brasília



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