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PONTOS DE VISTA
JOSÉ ARTHUR GIANNOTTI
"Candidato não
tem compromisso
com instituições"
DA REPORTAGEM LOCAL
Ciro Gomes representa a
primeira forma de um populismo brasileiro globalizado, na visão do filósofo José
Arthur Giannotti, professor
emérito da USP.
"Ao contrário dos populistas nacionalistas, ele pensa a
inserção do Brasil no cenário
internacional. Mas não faz
análise desse mundo, não vê
contradição no exterior.
Com isso, não percebe que a
crise não é só brasileira, é latino-americana", afirma.
O discurso de Ciro na sabatina da Folha, segundo
Giannotti, é típico "dos que
se retiram do jogo político
para se afirmar como chefe".
"Ele não tem compromissos com instituições. Ele vê
os partidos políticos como
instrumentos da vontade do
chefe", diz.
Ciro, para o filósofo, "tem
uma enorme sensibilidade
política para os problemas
reais do Brasil". Mas responde a eles com uma "proposição apolítica": "Ele se vê como responsável por tudo
que acontecer na política".
A defesa de Ciro de uma
reconciliação nacional segue
esse viés, diz Giannotti: "A
proposta de reconciliação
nacional seria a negação da
política se outro inimigo logo não fosse inventado: a degeneração das instituições
em geral".
Ele classificou o desempenho retórico de Ciro de "notável". Só que a retórica do
candidato, diferentemente
da retórica tradicional, não
revela os interesses que defende. "A retórica do Ciro é
montada na capacidade que
ele acha que tem de resolver
os problemas. Ele acha, por
exemplo, que as alianças não
têm peso. Ele parece ter o
mesmo compromisso com o
ACM e com a Patrícia Pillar.
Não consegue entender que
o ACM, Sarney e outros lhes
dão apoio não por confiar
no Ciro, mas porque Ciro faz
parte do projeto político deles."
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