São Paulo, sábado, 14 de agosto de 2004

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SOMBRA NO PLANALTO

Juíza deu ordem após apreensão considerada abusiva pelo banco

PF só devolve papéis à Caixa após 1 dia

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de a Polícia Federal permanecer por mais de 28 horas com os discos rígidos de computadores da Caixa Econômica Federal, o delegado Antonio César Nunes devolveu o material ao banco no início da noite de ontem, conforme determinação da Justiça, em novo despacho.
A juíza Maria de Fátima Pessoa Costa negou pedido de reconsideração feito por Nunes, justificando que não era "necessário" manter os equipamentos com a PF.
O PT divulgou nota repudiando a ação da PF, solidarizando-se com a Caixa e atribuindo o episódio a "setores" da PF. Filiado ao PT, Mattoso foi indicado pela prefeita Marta Suplicy (SP) à função. O banco, também em nota, classificou de "excesso de autoridade e comportamento desrespeitoso" a atitude do delegado.
Segundo apurou a Folha, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, descartou em um primeiro momento a troca do delegado, que investiga a conduta de Waldomiro Diniz, ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil. Na avaliação de Bastos, o afastamento agora poderia dar a impressão de que o governo não quer investigar Waldomiro.
Ontem o ministro monitorou o caso. Manteve conversas com o diretor da PF, Paulo Lacerda, e com Mattoso, a quem prometeu que iria "tomar providências". Lacerda ficou mais de uma hora ao telefone com Nunes. O diretor ficou satisfeito com a explicação técnica dada pelo delegado, mas criticou a falta de experiência em lidar com a questão.
Em nota, a PF informou ontem que não houve "recusa" do delegado em entregar o material, pois o pedido de reconsideração teria sido feito "em tempo hábil".

Planalto
Além da relutância em devolver os discos, Nunes também solicitou à juíza a realização de buscas no Planalto, onde Waldomiro trabalhava. Até a conclusão desta edição, a PF não havia confirmado se tais buscas serão realizadas.
Anteontem, a PF apreendeu discos rígidos, agendas, documentos e computadores na sede da Caixa, em Brasília. No mesmo dia, a juíza determinou a devolução dos discos rígidos, mas a PF preferiu pedir que a decisão fosse reconsiderada, argumentando que os registros importantes na Caixa são feitos em meio eletrônico, não em papel. Daí a necessidade de manter os discos rígidos.
A juíza rebateu dizendo que as agendas "podem ser obtidas nas próprias dependências da empresa pública, com o acompanhamento de seus técnicos".


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