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CASO BANESTADO
Tucanos e pefelistas acusam PT de montar banco de dados
Relator da CPI suspende as
investigações e lacra papéis
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O relator da CPI do Banestado,
deputado José Mentor (PT-SP),
anunciou ontem a suspensão das
investigações e análises dos documentos que foram obtidos com
requerimentos não individualizados. Ele também determinou que
todos os documentos sejam lacrados e guardados em um cofre.
A medida ocorreu depois que os
presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados entraram
em campo ontem para dar um
basta na troca de acusações e nos
procedimentos irregulares que
tomaram conta da CPI do Banestado. A CPI tem sido palco de
uma guerra política entre o PT e a
oposição, com vazamento de informações e procedimentos irregulares, como a quebra de sigilos
bancários e fiscais em bloco, o que
contraria decisões anteriores do
STF (Supremo Tribunal Federal).
Esses pedidos têm que ser apresentados individualmente. Os pivôs da disputa são o deputado petista José Mentor e o presidente da
comissão, senador tucano Antero
Paes de Barros (MT).
Os presidentes do Senado, José
Sarney (PMDB-AP), e da Câmara,
João Paulo Cunha (PT-SP), se
reuniram ontem de manhã para
discutir a necessidade de mudar
procedimentos da CPI e serenar
os ânimos, o que foi tentado pelos
líderes partidários do Senado durante toda a semana sem sucesso.
Sarney e João Paulo pediram
"cautela" aos integrantes da comissão, mas o petista afirmou que
só quem enviou dinheiro para o
exterior de forma irregular tem
motivo para temer.
O PSDB e o PFL, partidos de
oposição, têm acusado os petistas
de montar um banco de dados
através da CPI com o objetivo de
fazer chantagem. Em dezembro
do ano passado, pelo menos 29
banqueiros e executivos do mercado financeiro tiveram seu sigilo
fiscal quebrado sem a apresentação de indícios de irregularidades
que justificassem o acesso a dados
reservados. Esse requerimento é
de Mentor, mas também apresenta o aval de Paes de Barros.
"As pessoas que enviaram dinheiro de forma regular não precisam temer. Somente as pessoas
que cometeram crimes de lavagem de dinheiro e de remessa irregular têm medo. Quem tem sido regular nessas operações pode
dormir sossegado que não terá
problemas aqui em Brasília", disse João Paulo Cunha.
Ele negou que o PT ou o relator
da CPI tenham o interesse de
manter um banco de dados sobre
a movimentação financeira de
pessoas físicas e jurídicas. "As
pessoas que tiveram seus nomes
envolvidos [na CPI] podem ficar
tranqüilas. Estamos conversando
com os deputados e senadores para que tenham cautela no tratamento desses dados. Da nossa
parte estamos agindo no sentido
de preservar essas informações.
Estamos conversando com o relator e o presidente da CPI para tomarem bastante cuidado com isso", disse o presidente da Câmara.
Recuo
O relator da comissão, que estava insistindo nos procedimentos
adotados até agora, apesar do
apelo dos líderes, decidiu recuar
ontem. Ele conversou pelo telefone com o presidente da Câmara
dos Deputados pela manhã.
"Respeitando a jurisprudência
do STF, o deputado José Mentor
determinou que fossem imediatamente suspensas todas as investigações e análises de documentos
protegidos por sigilo que foram
obtidos por meio de requerimentos não individualizados aprovados pela comissão, sejam eles de
iniciativa do presidente, isoladamente, ou em conjunto com o relator, do próprio relator ou de
qualquer membro da CPI", diz
nota divulgada pela assessoria do
deputado.
"A Comissão de Inquérito recebeu poderes de Justiça da Constituição e a Justiça não pode ser
partidária, ela tem que apurar,
punir culpados, mas não ser
transformada em uma luta política entre partidos", afirmou o senador José Sarney, que se reuniu
com o presidente da CPI no início
da tarde de ontem.
Assim como Mentor, Paes de
Barros também baixou o tom ontem. Alegando que não ficaria
"com o erro dos outros nas costas", o presidente da comissão havia prometido um discurso para
ontem, que acabou não fazendo a
pedido do líder do PSDB, senador
Arthur Virgílio (AM).
"Está na hora de um freio de arrumação. Não vamos ficar alimentando essa briga. Não é porque o Mentor falou ontem [anteontem] que o Antero vai responder hoje [ontem]. Queremos
destacar o Antero do Mentor",
disse o líder tucano. O relator convocou uma coletiva anteontem
para denunciar procedimentos irregulares que teriam sido cometidos por Paes de Barros.
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