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CASO BANESTADO
Ex-prefeito ataca reportagem da Folha em que ele aparece como beneficiário de depósito em banco dos EUA
Maluf vê "desonestidade" e nega ter conta
RUBENS VALENTE
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-prefeito Paulo Maluf (PP)
afirmou ontem ser "desonestidade jornalística" a reportagem, publicada ontem pela Folha, que revela que o nome dele aparece como beneficiário de um depósito
de US$ 406,5 mil no antigo MTB
Bank (hoje absorvido pelo Hudson Bank), de Nova York.
Maluf, que é candidato à Prefeitura de São Paulo, afirmou não
possuir contas no exterior e acusou a reportagem de prestar "serviço a um partido político", sem
especificar qual. As afirmações do
ex-prefeito foram feitas por meio
de nota assinada pelo assessor
Adilson Laranjeira.
Ontem, questionado pessoalmente sobre a movimentação financeira, Maluf limitou-se a repetir dez vezes que a "nota é auto-explicativa".
A Folha teve acesso à base de
dados do banco MTB, que foi encaminhada pela Promotoria de
Nova York à CPI do Banestado,
que investiga evasão e lavagem de
dinheiro.
O documento obtido pela reportagem revela que uma remessa de US$ 406.566,53 (R$
1.007.877,00, segundo câmbio daquele dia), feita no dia 10 de janeiro de 2002, teve como beneficiário
"Mr. Maluf Paolo Salim". Ao lado
do nome do ex-prefeito, o banco
nova-iorquino acrescentou o endereço residencial do candidato,
indicando corretamente a rua, o
número da casa, a cidade e o país.
Na nota, a assessoria afirmou
que o candidato não teve oportunidade para apresentar uma defesa mais contundente e acusou a
reportagem de "sonegar" os documentos enviados pelos EUA.
Anteontem, antes da publicação
da reportagem, a Folha conversou com o advogado do ex-prefeito, Ricardo Tosto, e com Laranjeira. Por telefone, foi lida a íntegra
do documento. Em nenhum momento advogado ou assessor pediram para ter acesso aos papéis.
No final da nota, Laranjeira acusou os repórteres de serem "cúmplices" na divulgação de uma prova "fraudulenta".
Hoje o ex-prefeito é investigado
pelo Ministério Público Estadual,
pelo Ministério Público Federal e
pela Polícia Federal por supostos
desvio de verba pública, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro.
Além das informações enviadas
pelos EUA, a Suíça enviou ao Brasil cerca de 20 quilos de documentos bancários relacionados a contas atribuídas a Maluf e a seus familiares naquele país.
O Ministério da Justiça do Brasil
enviou pedidos de colaboração
internacional aos paraísos fiscais
de Luxemburgo e da ilha de Jersey, onde os Maluf têm valores
bloqueados.
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