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ELEIÇÕES 2006 / CONGRESSO
"Estrelas" petistas fogem de holofotes
Após envolvimento em escândalos, antigos "puxadores" de voto da legenda fazem campanhas discretas
Candidatos como Antonio
Palocci e José Genoino
evitam divulgar atividades à
imprensa; João Paulo
pede desculpas a eleitores
ROGÉRIO PAGNAN
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Antes considerados vitrines
do Partido dos Trabalhadores e
figuras constantes na mídia, alguns dos principais candidatos
petistas hoje usam a estratégia
da vitimização, fogem dos holofotes da imprensa e são escanteados pelo próprio partido.
Fazem parte dessa lista o ex-ministro Antonio Palocci Filho
(Fazenda), homem forte do governo Lula durante quase 40
meses, o ex-presidente nacional do partido José Genoino, o
ex-presidente da Câmara dos
Deputados João Paulo Cunha e
os deputados José Mentor e
Professor Luizinho. Todos são
candidatos a deputado federal.
Palocci, que chegou a ser cogitado como sucessor de Luiz
Inácio Lula da Silva, participou
até agora apenas de um evento
político: um jantar em Ribeirão
Preto do qual a imprensa foi
proibida de participar.
O ministro mantém o isolamento adotado desde o início
do caso da violação do sigilo
bancário do caseiro Francenildo Costa, em março deste ano.
A assessoria de imprensa de Palocci informa não haver previsão de eventos públicos de
campanha e recusa pedidos de
entrevista. Até hoje Palocci
concedeu duas entrevistas, nas
quais foram vetadas perguntas
sobre o caseiro. Falou sobre
economia e gripe aviária.
Genoino e Luizinho têm adotado esquema semelhante. O
primeiro, que disputou em
2002 o governo paulista com
Geraldo Alckmin, também se
enclausurou após ser acusado
de envolvimento no caixa dois
do partido. O ex-presidente do
PT diz que não quer mais o status de estrela e que fará uma
campanha longe da imprensa.
Luizinho, acusado de ter recebido R$ 20 mil do valerioduto, mas absolvido pela Câmara,
também não divulga sua agenda, evita entrevistas e tenta se
agarrar à candidatura do senador Aloizio Mercadante (PT) ao
governo paulista. Sua presença
é considerada, porém, indigesta pelo senador e pelo partido.
Segundo a Folha apurou, recados foram enviados aos mensaleiros para que se afastem da
campanha. Exceção feita a Genoino, por quem o senador tem
grande apreço, e a João Paulo,
de cujos votos precisou para
vencer Marta Suplicy (PT) nas
prévias e ainda precisa para
buscar tentar superar os adversários na região de Osasco (SP).
O comportamento adotado
por Luizinho nas caminhadas
irrita Mercadante. Diferentemente de Genoino, que se
apresenta retraído, o professor
atua como abre-alas da militância: nas ruas, bate palmas e
grita anunciando a presença do
candidato ao governo.
A Folha apurou que o presidente Lula vetou a participação
dos mensaleiros na campanha
dele à reeleição. Nenhum deles
participou do jantar realizado
no início deste mês, em São
Paulo, para arrecadação de
fundos para as campanhas de
Lula e Mercadante.
Oficialmente, o senador nega
sentir constrangimento ao lado
dos colegas. Em conversas informais, porém, reclama de ter
que dar explicações por fatos
nos quais não está envolvido.
Dinheiro
Diferentemente dos colegas,
João Paulo não se esconde da
imprensa nem evita o assunto
mensalão, mas adota um discurso de humildade. O deputado diz admitir os erros do partido e, por isso, pede desculpas ao
eleitorado e um voto de confiança na candidatura dele.
Acusado de ter recebido pelo
menos R$ 50 mil do esquema
do mensalão, João Paulo tem
alegado dificuldades de obter
recursos para a campanha.
"Algumas pessoas estão tentando ajudar, umas com muita
dificuldade, e outras espero que
me ajudem", disse no mês passado, após participar de uma
caminhada em Osasco com
Mercadante.
Nesse evento, foram distribuídas 203 bandeiras com o
nome e número do candidato,
mas os organizadores pediam a
devolução do material ao final
do percurso, para serem utilizadas em outras manifestações.
A imagem de austeridade financeira da campanha, também adotada pelos demais candidatos, provoca risos em petistas não citados em escândalos.
Segundo eles, que relatam dificuldades para arrecadar dinheiro para campanha por conta das denúncias contra o PT,
os "mensaleiros" estão com os
cofres cheios para gastar na
campanha.
No horário político, o PT de
São Paulo decidiu distribuir o
tempo de forma igualitária entre os candidatos. Todos terão
15 segundos. A maior parte do
horário abordará realizações
do governo Lula.
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