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São Paulo, domingo, 14 de setembro de 2003

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OUTRO LADO

Governador diz ver "profissionalização" em contratação

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), disse que contratou a Rede Goiana de Microcrédito para gerir os R$ 38,3 milhões do Banco do Povo para "profissionalizar" e "descentralizar" o funcionamento do projeto, "prioritário para geração de empregos". Espera estendê-lo aos 246 municípios do Estado.
Sobre o percentual de 36% cobrado pela organização para executar a tarefa, podendo dispor de recursos humanos, móveis e imóveis do Estado, o governador Marconi Perillo respondeu: "Não tenho essa informação." Perillo conversava com a reportagem pelo telefone. Nesse ponto da conversa sua voz deixou de soar.
Em novo telefonema, dez minutos mais tarde, Perillo disse que os percentuais estavam dentro da lei.
O governador também afirmou desconhecer que, dos 21 sócios da Rede Goiana de Microcrédito, 18 tinham cargo ou função comissionada em seu governo. A ligação voltou a cair.
No terceiro telefonema, o governador afirmou o seguinte à reportagem: "Eu estou desinformado dessa parte jurídica. Se tiver algo equivocado, vou tomar medidas imediatamente. Pedirei ao meu procurador-geral [João Furtado Mendonça Neto] para ligar".
Também sócio da Rede Goiana, Mendonça Neto seguiu a orientação do governador e entrou em contato com a reportagem.
Adotando linguagem jurídica, afirmou que não é "sócio", mas "instituidor" da organização.
Declarou também que não assinou nem o parecer favorável ao termo de parceria entre a Rede Goiana e o Estado de Goiás nem o próprio contrato.
"O nome que está embaixo é o meu. Mas, como era instituidor, eu me julguei impedido. Quem outorgou o parecer foi o procurador Antonio Guido Siqueira Prati", afirmou
A secretária do assessor especial de Perillo, Lúcio Gouthier, informou que seu chefe estava, há cerca de dois meses, destacado para missões especiais para as quais o governador o designara.
Gerente executivo da Rede Goiana e também um de seus "instituidores", Osmar de Moura, funcionário comissionado do governo de Goiás, não soube explicar que itens comporiam a taxa de administração de até 36%. Segundo Moura, o vocábulo "até" significa que que a Rede Goiana pode não esgotar o percentual.
O líder do governo na Assembléia, deputado Afreni Gonçalves Leite (PSDB), disse estar com pressa, saindo de uma reunião rumo a outra, na tarde da sexta-feira. Por esse motivo, não teria como conceder entrevista.



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