São Paulo, quarta-feira, 14 de setembro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ELEIÇÕES NO PT

Dissidência libera votos contra Berzoini e pretende criar nova tendência no partido

Campo perde apoio em SP e candidatos no RS e no DF

CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA

Depois de anunciar que não apoiará a candidatura do deputado Ricardo Berzoini (SP) à presidência do PT, um grupo de políticos ligados à ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy (PT) pretende agora criar uma nova corrente interna no partido, a Novo Rumo.
A dissidência do Campo Majoritário, corrente que controla a legenda, ocorre a menos de uma semana das eleições que escolherão o novo comando petista, no domingo. Um dos motivos da saída é a discordância com o discurso crítico de Berzoini, candidato do "Campo", em relação à política econômica adotada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O grupo também não concorda com a idéia de "refundação do PT", propagada pelo presidente interino do partido, Tarso Genro, e encampada por Berzoini.
O grupo liberou os petistas aos quais são ligados a votarem em qualquer candidato à presidência nacional da legenda, mas ainda recomenda voto no Campo Majoritário para a formação da chapa do Diretório Nacional.
São oito deputados estaduais, entre eles Italo Cardoso, presidente do PT municipal, vereadores, como João Antonio, ex-líder de Marta na Câmara Municipal, e colaboradores da ex-prefeita, como os ex-secretários municipais Rui Falcão e Valdemir Garreta.
Também integra o grupo o deputado federal José Mentor (SP), que também foi líder de Marta quando era vereador e hoje está na lista de parlamentares que podem perder o mandato por suposto envolvimento com o esquema do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza.
Reunidos na noite de anteontem para discutir a formação da corrente, decidiram que, após as eleições de domingo, vão apresentar teses políticas próprias nos encontros da legenda.

Problemas nos Estados
No Rio Grande do Sul e no Distrito Federal, candidatos à presidência estadual do PT deixaram a disputa depois de terem seus nomes envolvidos nos saques nas contas de Valério.
O vice-presidente do PT-DF, Raimundo Júnior, era candidato à presidência do diretório com apoio do Campo Majoritário -principal corrente interna do PT. Quando Valério o citou como beneficiário de R$ 370 mil do esquema, Raimundo desistiu da candidatura, mas foi mantido na chapa. O atual presidente do PT-DF, Vilmar Lacerda, citado como beneficiário de R$ 235 mil, integra a chapa nacional do Campo.
"Raimundo Júnior desistiu da candidatura por não se achar mais em condições", disse o secretário de Organização do PT-DF, Hélio José, do Campo.
No Rio Grande do Sul, o ex-secretário de Finanças do PT Marcelino Pies desistiu da candidatura à presidência do diretório para apoiar Olívio Dutra, da Democracia Socialista. Pies disse ter recebido R$ 150 mil das contas do publicitário. Pela lista de Valério, o PT gaúcho teria recebido R$ 1,2 milhão, sendo Pies o beneficiário. Ele foi tesoureiro da campanha de Tarso Genro em 2002.
Ontem, a Comissão Eleitoral Nacional se reuniu em São Paulo para definir detalhes da eleição de domingo. A expectativa é que filiados de 4.200 municípios votem nos mais de 80 mil candidatos.
O processo eleitoral foi prejudicado pela crise. Sem verba para bancar viagens, por exemplo, a direção propôs que os candidatos gastassem do próprio dinheiro para ser reembolsados no futuro.


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