HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

O governo sofreu dura derrota ontem na CPI dos Bingos, que convocou o chefe-de-gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho, para depor amanhã. Os senadores vão questionar Carvalho sobre suposto esquema de corrupção para campanhas do PT que teria levado ao assassinato de Celso Daniel, então prefeito petista de Santo André (SP), em janeiro de 2002.
Outra decisão foi convocar Roseana Garcia, viúva do ex-prefeito de Campinas (SP) Antônio Costa dos Santos, o Toninho do PT, morto em setembro de 2001. Para Garcia, o "crime foi político".
As convocações foram aprovadas com embate entre a oposição e os senadores da base do governo. Nos dois casos, a votação terminou empatada em seis a seis e coube ao presidente da Comissão, Efraim Morais (PFL-PB), dar o voto de minerva favorável.
Em depoimento no dia 1º, o oftalmologista João Francisco Daniel, irmão do ex-prefeito de Santo André, disse ter ouvido de Carvalho como funcionava a corrupção na prefeitura. O chefe-de-gabinete de Lula teria dito que pegava propina de empresas, em esquema montado por Daniel, e levava o dinheiro ao então presidente do PT José Dirceu (SP), que teria recebido R$ 1,2 milhão.
O esquema seria operado pelo empresário Sérgio Gomes da Silva (denunciado como o mandante do assassinato) com o ex-vereador do PT Klinger Luiz de Oliveira e o empresário do setor de transporte e coleta de lixo Ronan Maria Pinto. Ao descobrir que os valores desviados não estavam indo para o PT, mas para os operadores do esquema, o ex-prefeito tentou romper e, por isso, foi morto, segundo a versão de João Francisco. Carvalho nega ter feito o relato.
Já Toninho do PT decidiu rever, ao assumir o cargo, os contratos como os de terceirização do lixo.
A Polícia Civil concluiu que Celso Daniel foi vítima de seqüestro e que Toninho estava no caminho de fuga de ladrões ao ser morto.
Ontem, a CPI ouviu a deputada estadual Cidinha Campos (PDT). Ela disse que Jorge Dias, funcionário da Assembléia, relatou que Waldomiro Diniz, ex-assessor de Dirceu na Casa Civil, e o ex-deputado federal Carlos Rodrigues coordenavam um esquema de arrecadação de R$ 1 milhão por mês de bingos e desviaram R$ 15 milhões da Loterj (Loteria do Estado do Rio). Rodrigues e Waldomiro negam o esquema de corrupção.


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