São Paulo, quarta-feira, 14 de setembro de 2005

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NOVO ENDEREÇO

Advogados vêem retaliação da PF às notícias de supostas regalias

Pai e filho vão para cela comum

DA REPORTAGEM LOCAL

Presos desde a madrugada de sábado na carceragem da Polícia Federal, Paulo Maluf e o filho Flávio foram transferidos na noite de anteontem para uma cela comum de 12 metros quadrados que eles dividem com mais um preso.
A transferência provocou a irritação de advogados e dos próprios réus, que viram na medida uma retaliação da Polícia Federal às notícias de supostas regalias aos presos.
Antes, o ex-prefeito e o filho Flávio estavam em salas separadas, sem grades, com porta de madeira, cama com estrado, cadeira de madeira e banheiro privativo. Essas salas eram usadas pela administração da carceragem, mas foram adaptadas para receber o ex-prefeito.
Com a decisão da PF, Maluf e filho passaram a dividir uma mesma cela, de 12 metros quadrados, com um outro preso -cuja identidade é mantida sob sigilo.
A cela que ocupam tem uma arquitetura padrão. Com grades e câmeras de vídeo, tem três camas de alvenaria com um colchão, uma mesa com bancos também de alvenaria e uma cloaca no canto da cela. O chão é de cimento queimado.
Como Maluf e o filho têm curso superior, só podem ser presos com alguém na mesma condição.
O diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, determinou a abertura de uma sindicância para apurar as supostas regalias a Maluf. No início da prisão dele, as informações dadas pela PF em São Paulo foram contraditórios. Hoje dizem que não podem revelar sobre a prisão.

Rocha Mattos
Originalmente as salas ocupadas pelos Maluf foram construídas para serem usadas pela administração da custódia. Foram, no entanto, transformadas em "celas" pelo juiz federal João Carlos da Rocha Mattos, que, ao ser detido na Operação Anaconda, disse que tinha direito a uma cela especial.
Rocha Mattos permaneceu algumas semanas na sala, até que o Ministério Público protestou e obrigou a transferência dele para uma cela comum, como de fato ocorreu. Na última semana, as salas foram novamente adaptadas para receber Maluf e filho.

O dia
Segundo os advogados, Flávio é que tem sofrido mais na prisão. Mais magro, abatido e com olheiras, o filho do ex-prefeito diz ter dificuldades para dormir e para comer. Seus defensores querem uma autorização especial para levar comida para ele.
A mulher de Flávio, Jacqueline, foi ontem à prisão. Na saída, disse estar solidária às mulheres que enfrentam o mesmo problema. "Não é uma situação fácil. Vocês também podem passar um dia por isso", disse, dirigindo-se a jornalistas.


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