São Paulo, quinta-feira, 14 de setembro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / RUMO A 2010

Alckmin e Aécio se unem contra Serra e FHC

Para alckmistas, carta de ex-presidente seria reação à união de presidenciável e governador, que têm trocado afagos em público

Candidato a presidente precisa de Minas para tentar 2º turno; Aécio depende de fatia do PSDB em SP para se lançar à Presidência em 2010


DA REPORTAGEM LOCAL

O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, e o governador de Minas, Aécio Neves, candidato à reeleição, estarão juntos de novo hoje em Juiz de Fora, numa dobradinha que promete sobreviver às eleições. Alckmistas apostam numa aliança entre os dois para buscar o controle do PSDB ou ao menos preservar o espaço do ex-governador paulista no partido, caso ele perca as eleições.
Na lógica de tucanos ligados a Alckmin e Aécio, no cenário de hoje, o acordo seria conveniente para os dois. Enquanto Alckmin depende de apoio significativo em Minas agora, ainda na esperança de assegurar um lugar no segundo turno, Aécio terá que atrair uma parcela do PSDB de São Paulo para conquistar o direito de representar o partido nas eleições presidenciais de 2010. Futuramente, Alckmin poderia contar com Aécio numa disputa pela presidência nacional do partido.
Para tucanos mineiros, em 2010, Aécio dependerá de todo o PSDB de Minas e de pelo menos uma fatia do partido em São Paulo. Mas, confirmada sua eleição para o Palácio dos Bandeirantes, o ex-prefeito José Serra é quem controlará o partido no Estado. Por isso, é preciso cooptar uma ala em São Paulo. Hoje, seu trunfo seria o mapa eleitoral de Minas. "Há, na verdade, um favoritismo do presidente Lula, mas começa a haver uma curva de aproximação do candidato Alckmin, inclusive aqui em Minas, e o que eu puder fazer, da forma como eu ajo, com firmeza e com seriedade, mas sem ofensas pessoais a alguém só porque é meu adversário, eu vou fazer", disse ontem Aécio, em entrevistas.
Os dois têm trocado afagos, como a enfática defesa que Alckmin fez ao fim da reeleição. Como o fim da reeleição agrada a Aécio, alckmistas atribuem a isso a controversa carta em que FHC insinua que a corrida presidencial está encerrada. O documento seria uma reação de FHC e Serra à idéia de Alckmin e Aécio se unirem para comandar o partido.
Coordenador de campanha de Serra, o secretário de Governo de São Paulo, Aloysio Nunes Ferreira, nega: "Vi muita especulação. Mas FHC não falou com ninguém. Até nos surpreendeu", disse ele.
Para alckmistas, a disputa entre Aécio e Serra é benéfica para o ex-governador de São Paulo. Para impedir uma aliança com Aécio e a configuração de uma disputa entre ele e FHC pela presidência do partido no ano que vem, Serra terá que ser generoso com Alckmin, respeitando sua liderança, inclusive na composição do governo.
Só que, para isso, Alckmin terá que sair das eleições com força pelo menos em São Paulo. Daí, a decisão de investir em São Paulo: além de dar sinais de ânimo na campanha, a idéia é preservar seu patrimônio no Estado. Como toda essa manobra seria uma demonstração de que alckmistas admitem, sim, o risco de derrota, alguns aliados de Alckmin nem gostam de tocar no assunto.


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