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São Paulo, terça-feira, 14 de outubro de 2003

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BONÉ NA CABEÇA, CÂMERA NA MÃO

Em lançamento de programa para o cinema e audiovisual, presidente critica governo FHC

Lula "filma" e pede menos reclamações

Lula Marques/ Folha Imagem
O presidente Lula, com o diretor de fotografia Walter Carvalho, no lançamento do Programa Brasileiro de Cinema e Audiovisual


WILSON SILVEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao lançar o Programa Brasileiro de Cinema e Audiovisual, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu a artistas, produtores e diretores de cinema que, "em vez de ficarem lamentando aquilo que o governo ainda não pôde fazer, imaginem-se governo e ajudem a fazer o que falta fazer".
Aplaudido de pé, o presidente afirmou que o governo não conhece tudo nem pode tudo. "Para que a gente possa conhecer melhor e fazer melhor, é preciso que cada um de vocês assuma o compromisso e a responsabilidade. O governo é passageiro. O cinema, o audiovisual e a cultura são eternos", afirmou.
Lula também fez uma série de críticas ao governo anterior. Disse que encontrou o Ministério da Cultura "esvaziado, diminuído e omisso". Segundo ele, havia "um verdadeiro paradoxo: o paradoxo de o governo brasileiro não ter uma política cultural para o país".
O cientista político Francisco Weffort, ministro da Cultura nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso, disse que as críticas não merecem resposta. "É uma bobagem. Ele não sabe do que está falando. Ele deveria se informar primeiro antes de fazer esse tipo de proposição."
Após transferir a Ancine (Agência Nacional do Cinema) do âmbito da Casa Civil da Presidência para o Ministério da Cultura e fortalecer o Conselho Superior do Cinema, o governo, no mês que vem, irá incluir o audiovisual nos dois órgãos. Aparentemente simples, a mudança está provocando enorme expectativa no meio cinematográfico, que espera "trabalhar em parceria" com a televisão -que teria mais recursos.
Depois de discursar, Lula visitou um set de filmagem montado pela Secom (Secretaria de Comunicação de Governo) no salão nobre do Planalto. Na cadeira principal, lia-se no encosto: "Lula - diretor".
Com um boné da Associação Brasileira de Documentaristas na cabeça e uma câmera de 35 mm no ombro, Lula saiu filmando o que encontrou pela frente, misturando-se à platéia do evento, ao qual compareceram diversos artistas e diretores de cinema. Questionado sobre a experiência de filmar, Lula disse: "É mais fácil do que ser presidente".

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