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DIPLOMACIA
Reunião será nos dias 16 e 17
Disputa comercial será pauta de Lula e Kirchner
DE BUENOS AIRES
Os presidentes Luiz Inácio Lula
da Silva e Néstor Kirchner, além
de política, vão tratar de temas comerciais durante o encontro que
terão nos dias 16 e 17, na Argentina. Entre alguns dos projetos que
serão assinados pelos dois, está a
criação da "Comissão Bilateral de
Monitoramento de Comércio",
cuja função será acertar as divergências existentes entre empresários brasileiros e argentinos em
setores como os de calçados, têxteis, maquinário agrícola, além de
produção de frango e suínos.
Os detalhes deste e de outros
acordos serão discutidos e acertados pelo secretário-executivo do
Ministério do Desenvolvimento,
Márcio Fortes, com o secretário
de Indústria e Comércio argentino, Alberto Dumont. Fortes chega antes de Lula, na próxima
quarta, para uma série de reuniões que definirão o texto final
dos acordos comerciais a serem
firmados pelos presidentes.
O objetivo é criar um grupo formado por empresários e técnicos
dos governos dos dois países para
discutir mecanismos que possibilitem a integração da cadeia produtiva argentina e brasileira. Essa,
segundo o governo brasileiro, seria a melhor forma de fortalecer
as economias para, num futuro
próximo, enfrentar a abertura de
mercado que virá caso o Mercosul
feche um acordo com os EUA para a formação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
A intenção do governo argentino, porém, é propor a adoção de
mecanismos de salvaguarda que
beneficiem os empresários argentinos que acusam os brasileiros de
promover uma "invasão" verde-e-amarela no mercado local. Recentemente, Dumont informou
que o governo argentino teria elaborado uma lista com os setores
da indústria argentina que mais
enfrentam problemas no comércio bilateral. A resposta dos empresários brasileiros é de que há
setores na Argentina que não se
modernizaram e, por isso, se tornaram menos competitivos.
Segundo fontes do governo brasileiro, as salvaguardas beneficiam a Argentina há muitos anos.
"Essa é uma medida que não se
sustenta a longo prazo. O Brasil
pode até aceitar, mas desde que
exista uma política de estímulo à
reconversão produtiva desses setores", disse a fonte.
Da parte brasileira, sairia a disposição de oferecer créditos do
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) que seriam usados na modernização do pátio industrial local. O banco já anunciou que pretende liberar até US$ 500 milhões
para financiar exportações argentinas para o Brasil.
Em recente entrevista, o embaixador do Brasil na Argentina, José
Botafogo Gonçalves, disse que o
enfoque das negociações nessa
área não é analisar as queixas específicas de cada um dos setores e
sim adotar medidas globais que
ajudem a solucionar os problemas. "Ao Brasil também interessa
que esses setores se desenvolvam", afirmou. (ELAINE COTTA)
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