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São Paulo, terça-feira, 14 de outubro de 2003

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DIPLOMACIA

Reunião será nos dias 16 e 17

Disputa comercial será pauta de Lula e Kirchner

DE BUENOS AIRES

Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Néstor Kirchner, além de política, vão tratar de temas comerciais durante o encontro que terão nos dias 16 e 17, na Argentina. Entre alguns dos projetos que serão assinados pelos dois, está a criação da "Comissão Bilateral de Monitoramento de Comércio", cuja função será acertar as divergências existentes entre empresários brasileiros e argentinos em setores como os de calçados, têxteis, maquinário agrícola, além de produção de frango e suínos.
Os detalhes deste e de outros acordos serão discutidos e acertados pelo secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Márcio Fortes, com o secretário de Indústria e Comércio argentino, Alberto Dumont. Fortes chega antes de Lula, na próxima quarta, para uma série de reuniões que definirão o texto final dos acordos comerciais a serem firmados pelos presidentes.
O objetivo é criar um grupo formado por empresários e técnicos dos governos dos dois países para discutir mecanismos que possibilitem a integração da cadeia produtiva argentina e brasileira. Essa, segundo o governo brasileiro, seria a melhor forma de fortalecer as economias para, num futuro próximo, enfrentar a abertura de mercado que virá caso o Mercosul feche um acordo com os EUA para a formação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
A intenção do governo argentino, porém, é propor a adoção de mecanismos de salvaguarda que beneficiem os empresários argentinos que acusam os brasileiros de promover uma "invasão" verde-e-amarela no mercado local. Recentemente, Dumont informou que o governo argentino teria elaborado uma lista com os setores da indústria argentina que mais enfrentam problemas no comércio bilateral. A resposta dos empresários brasileiros é de que há setores na Argentina que não se modernizaram e, por isso, se tornaram menos competitivos.
Segundo fontes do governo brasileiro, as salvaguardas beneficiam a Argentina há muitos anos. "Essa é uma medida que não se sustenta a longo prazo. O Brasil pode até aceitar, mas desde que exista uma política de estímulo à reconversão produtiva desses setores", disse a fonte.
Da parte brasileira, sairia a disposição de oferecer créditos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) que seriam usados na modernização do pátio industrial local. O banco já anunciou que pretende liberar até US$ 500 milhões para financiar exportações argentinas para o Brasil.
Em recente entrevista, o embaixador do Brasil na Argentina, José Botafogo Gonçalves, disse que o enfoque das negociações nessa área não é analisar as queixas específicas de cada um dos setores e sim adotar medidas globais que ajudem a solucionar os problemas. "Ao Brasil também interessa que esses setores se desenvolvam", afirmou. (ELAINE COTTA)

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