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JANIO DE FREITAS
Sem novidade
-Então, alguma novidade por aí?
-Novidade? Nem sei mais o
que é isso. A Câmara parou para
a campanha do primeiro turno e
vazia continua. Vazia, não. Entupida de medidas provisórias à
espera de votação. Não está vazia, está cheia, mas desértica.
São tantos os ministérios, que
é impossível não haver em algum uma informação razoável:
-Você me pergunta? Eu é que
estou precisando de uma notícia
e não acho. Estou a ponto de
tentar até a Fazenda.
-Nesse caso, tenta logo a matriz, liga para o FMI.
-E aí, que não tem segundo
turno, nada de novo?
-Aqui o que há é a polícia tocando tantã porque matou um
tal Gangã, que era um bambambã no tráfico. Mas, como o
Drummond ensinou, a rima não
é solução: no lugar do Gangã já
devem estar o Gangã segundo, o
terceiro e dúzias de outros. O
Maluf? Não sei, isso é assunto
que interessa ao Genoino. Por
falar nele, nem da sede do PT,
quer dizer, dos gabinetes do Palácio do Planalto, nem dali saiu
uma novidade que valha alguma coisa?
Sem novidade: o Brasil está
parado, absolutamente parado.
O governo, que mais do que governo é um partido no poder, só
se ocupa das disputas de segundo turno que lhe dizem respeito.
Não há assunto de interesse nacional que se sobreponha às
atenções da cúpula do governo
dedicadas à tentativa de vitória
petista em São Paulo-capital.
Lúcida a observação de Lula,
semana passada: "Este país tem
tudo para deixar de ser um país
em vias de desenvolvimento e
ser definitivamente grande, respeitado e desenvolvido. Povo
nós temos. Criatividade nós temos".
Só falta governo.
Ônus e bônus
A contradição entre os 48% de
aprovação a Marta Suplicy na
prefeitura e, segundo Datafolha
e Ibope, a insuficiência eleitoral
que a mantém 12 ou 13 pontos
aquém de Serra, permite várias
interpretações que não se excluem mutuamente.
Uma hipótese, além das conclusões de outros comentaristas,
decorre dos conceitos do governo
Alckmin e do governo Lula no
eleitorado paulistano. Os 49%
de aprovação a Alckmin, se não
favorecem, não atrapalham Serra. Já a menor aprovação do governo Lula, em 40%, iguala-se,
como um limite, ao teto até agora alcançado por Marta, nas intenções eleitorais para o segundo turno.
Ao governo Lula e ao próprio
cabe provar que não são influências negativas para Marta.
Mas, se o forem ou continuarem
sendo, quanto mais se empenhem para provar o contrário,
maiores os riscos de aumentar a
influência negativa. Está aí, para os espectadores, um joguinho
bom de acompanhar.
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