São Paulo, quinta-feira, 14 de outubro de 2004

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JANIO DE FREITAS

Sem novidade

-Então, alguma novidade por aí?
-Novidade? Nem sei mais o que é isso. A Câmara parou para a campanha do primeiro turno e vazia continua. Vazia, não. Entupida de medidas provisórias à espera de votação. Não está vazia, está cheia, mas desértica.
São tantos os ministérios, que é impossível não haver em algum uma informação razoável:
-Você me pergunta? Eu é que estou precisando de uma notícia e não acho. Estou a ponto de tentar até a Fazenda.
-Nesse caso, tenta logo a matriz, liga para o FMI.
-E aí, que não tem segundo turno, nada de novo?
-Aqui o que há é a polícia tocando tantã porque matou um tal Gangã, que era um bambambã no tráfico. Mas, como o Drummond ensinou, a rima não é solução: no lugar do Gangã já devem estar o Gangã segundo, o terceiro e dúzias de outros. O Maluf? Não sei, isso é assunto que interessa ao Genoino. Por falar nele, nem da sede do PT, quer dizer, dos gabinetes do Palácio do Planalto, nem dali saiu uma novidade que valha alguma coisa?
Sem novidade: o Brasil está parado, absolutamente parado. O governo, que mais do que governo é um partido no poder, só se ocupa das disputas de segundo turno que lhe dizem respeito. Não há assunto de interesse nacional que se sobreponha às atenções da cúpula do governo dedicadas à tentativa de vitória petista em São Paulo-capital.
Lúcida a observação de Lula, semana passada: "Este país tem tudo para deixar de ser um país em vias de desenvolvimento e ser definitivamente grande, respeitado e desenvolvido. Povo nós temos. Criatividade nós temos".
Só falta governo.

Ônus e bônus
A contradição entre os 48% de aprovação a Marta Suplicy na prefeitura e, segundo Datafolha e Ibope, a insuficiência eleitoral que a mantém 12 ou 13 pontos aquém de Serra, permite várias interpretações que não se excluem mutuamente.
Uma hipótese, além das conclusões de outros comentaristas, decorre dos conceitos do governo Alckmin e do governo Lula no eleitorado paulistano. Os 49% de aprovação a Alckmin, se não favorecem, não atrapalham Serra. Já a menor aprovação do governo Lula, em 40%, iguala-se, como um limite, ao teto até agora alcançado por Marta, nas intenções eleitorais para o segundo turno.
Ao governo Lula e ao próprio cabe provar que não são influências negativas para Marta. Mas, se o forem ou continuarem sendo, quanto mais se empenhem para provar o contrário, maiores os riscos de aumentar a influência negativa. Está aí, para os espectadores, um joguinho bom de acompanhar.


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