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SÃO PAULO
Partido pede 4 subprefeituras em documento e aceita parceria com tucanos à revelia da bancada federal, que nega ter sido consultada
PV municipal exige cargos e decide apoiar Serra
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
À revelia da bancada federal, o
PV de São Paulo aderiu ontem à
candidatura do tucano José Serra
à prefeitura. Antes do anúncio,
numa reunião fechada, o partido
obteve de Serra a garantia de participação num eventual governo
do PSDB. O PV apresentou a ele
uma espécie de carta-compromisso. Nela, reivindica não só "a
gestão da variável ambiental e todos os seus desdobramentos" como "também a presença específica de representantes do PV em
quatro subprefeituras".
A presidente municipal do PV,
Maria de Lourdes Pinheiro, traduziu: "não basta reservar um nicho para que o PV seja contemplado". O partido quer "capilaridade", tendo representantes nas
subprefeituras das quatro bacias
hidrográficas. "Não necessariamente todos os subprefeitos."
Coordenador político da campanha de Serra, Aloysio Nunes
Ferreira diz que o "documento é
perfeitamente aceitável".
Tanto na reunião fechada como
num discurso público, o próprio
Serra afirmou que o partido "vai
estar junto na administração, sem
dúvida". E, segundo o presidente
estadual do PV, Domingos Fernandes, o "PSDB citou o nome do
[ex-petista] Eduardo Jorge como
um ótimo quadro".
Amigo de Serra e ex-secretário
de Marta Suplicy, Eduardo Jorge
foi mencionado numa reunião na
casa de Aloysio, com a presença
de Serra, na semana passada. Foi
lá que começaram a desenhar um
acordo. Mas os nomes serão discutidos após 1º de novembro.
"Não demos um cheque em
branco", disse Fernandes, salientando que Serra participou de
uma reunião a portas fechadas
antes do anúncio oficial.
Serra saiu da sala frisando esperar que a confiança do PV "possa
se traduzir numa companhia ativa no ano que vem", caso vença.
O PV vai colocar o comitê de
Penna, que seria desativado, à disposição de Serra.
Enquanto o PV anunciava o
apoio, o deputado federal José
Sarney Filho (MA) telefonava, insistentemente, para Fernandes. À
tarde, fez sua queixa:
"Foi uma decisão da província
sobre um tema com dimensão
maior", disse ele, prometendo
formalizar a reclamação.
Sarney Filho diz que a bancada
não foi consultada. Também
questiona o fato de o presidente
nacional do PV, o candidato derrotado José Luiz Penna, não participar da decisão.
Em resposta, Fernandes conta
que o presidente municipal do
PT, Ítalo Cardoso, marcou um encontro com Maria de Lourdes e
não apareceu. Dizendo que o líder
do governo no Senado, Aloizio
Mercadante (PT-SP), e o ministro
da Cultura, Gilberto Gil, intercederam em favor de Marta, Fernandes lamentou que o "PT atue
de cima para baixo".
O documento entregue a Serra
inclui dez pontos. Da criação de
um conselho político de partidos
à implementação de cooperativas
de limpeza urbana, passando pela
construção de ciclovias.
Embora Serra tenha dito que a
ocupação de cargo "não entrou
como requisito de negociação", o
PV chegou a registrar que preferiria a secretaria de Cultura à do
Meio-Ambiente porque "não
quer ser considerado apenas ambientalista". Lembrando que, na
Alemanha, o ministro das Relações Exteriores é do PV, o partido
alega que a gestão ambiental é assunto econômico.
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