São Paulo, quinta-feira, 14 de outubro de 2004

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SÃO PAULO

Partido pede 4 subprefeituras em documento e aceita parceria com tucanos à revelia da bancada federal, que nega ter sido consultada

PV municipal exige cargos e decide apoiar Serra

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

À revelia da bancada federal, o PV de São Paulo aderiu ontem à candidatura do tucano José Serra à prefeitura. Antes do anúncio, numa reunião fechada, o partido obteve de Serra a garantia de participação num eventual governo do PSDB. O PV apresentou a ele uma espécie de carta-compromisso. Nela, reivindica não só "a gestão da variável ambiental e todos os seus desdobramentos" como "também a presença específica de representantes do PV em quatro subprefeituras".
A presidente municipal do PV, Maria de Lourdes Pinheiro, traduziu: "não basta reservar um nicho para que o PV seja contemplado". O partido quer "capilaridade", tendo representantes nas subprefeituras das quatro bacias hidrográficas. "Não necessariamente todos os subprefeitos."
Coordenador político da campanha de Serra, Aloysio Nunes Ferreira diz que o "documento é perfeitamente aceitável".
Tanto na reunião fechada como num discurso público, o próprio Serra afirmou que o partido "vai estar junto na administração, sem dúvida". E, segundo o presidente estadual do PV, Domingos Fernandes, o "PSDB citou o nome do [ex-petista] Eduardo Jorge como um ótimo quadro".
Amigo de Serra e ex-secretário de Marta Suplicy, Eduardo Jorge foi mencionado numa reunião na casa de Aloysio, com a presença de Serra, na semana passada. Foi lá que começaram a desenhar um acordo. Mas os nomes serão discutidos após 1º de novembro.
"Não demos um cheque em branco", disse Fernandes, salientando que Serra participou de uma reunião a portas fechadas antes do anúncio oficial.
Serra saiu da sala frisando esperar que a confiança do PV "possa se traduzir numa companhia ativa no ano que vem", caso vença.
O PV vai colocar o comitê de Penna, que seria desativado, à disposição de Serra.
Enquanto o PV anunciava o apoio, o deputado federal José Sarney Filho (MA) telefonava, insistentemente, para Fernandes. À tarde, fez sua queixa:
"Foi uma decisão da província sobre um tema com dimensão maior", disse ele, prometendo formalizar a reclamação.
Sarney Filho diz que a bancada não foi consultada. Também questiona o fato de o presidente nacional do PV, o candidato derrotado José Luiz Penna, não participar da decisão.
Em resposta, Fernandes conta que o presidente municipal do PT, Ítalo Cardoso, marcou um encontro com Maria de Lourdes e não apareceu. Dizendo que o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), e o ministro da Cultura, Gilberto Gil, intercederam em favor de Marta, Fernandes lamentou que o "PT atue de cima para baixo".
O documento entregue a Serra inclui dez pontos. Da criação de um conselho político de partidos à implementação de cooperativas de limpeza urbana, passando pela construção de ciclovias.
Embora Serra tenha dito que a ocupação de cargo "não entrou como requisito de negociação", o PV chegou a registrar que preferiria a secretaria de Cultura à do Meio-Ambiente porque "não quer ser considerado apenas ambientalista". Lembrando que, na Alemanha, o ministro das Relações Exteriores é do PV, o partido alega que a gestão ambiental é assunto econômico.


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