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Maluf presta novo depoimento e acusa PSDB de "armação'
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dia depois de ser indiciado
sob a acusação de ter cometido
cinco crimes, Paulo Maluf (PP)
depôs ontem na Promotoria criminal de São Paulo sobre uma suposta tentativa de corromper testemunha judicial. O ex-prefeito
negou a acusação e afirmou ser vítima de uma "armação" do seu
hoje arquiinimigo PSDB.
O depoimento foi sobre suposta
tentativa do vereador malufista
Brasil Vita (PP) que, em conversa
gravada, teria articulado o esvaziamento das acusações feitas pelo ex-presidente da Câmara Armando Mellão contra Maluf.
A estratégia seria dizer que Mellão, que hoje é testemunha do
Ministério Público, recebeu dinheiro do candidato José Serra
(PSDB) para acusar o ex-prefeito
de corrupção. As conversas foram
gravadas pelo próprio Mellão cerca de três semanas antes do primeiro turno, no último dia 3.
Em depoimento ao promotor
José Reinaldo Carneiro, Maluf
disse lamentar o uso de seu nome,
mas que tudo não passa de mentiras e que Mellão, autor das gravações, é um "delinqüente".
Mellão passou a colaborar com
o Ministério Público após passar
49 dias na prisão -ele foi detido
pela Polícia Federal por suposta
tentativa de extorsão. Ele disse ter
sido vítima de armação malufista.
"Eu lastimo porque a campanha
eleitoral tem de ser limpa. Os tucanos estão se mostrando dedos-duros. Por meio de um desclassificado, o Armando Mellão, eles
querem diminuir o meu eventual
apoio", disse Maluf, que deverá
declarar amanhã apoio à reeleição
da prefeita Marta Suplicy (PT).
Ao atacar o PSDB, Maluf repete
o comportamento que adotou
durante a campanha para a votação do dia 3, em que criticou duramente Serra e poupou Marta.
Questionado sobre o teor das
conversas, Maluf se limitou a dizer que tudo era mentira. Sobre a
atitude de Vita, amigo dele há
muitos anos, preferiu não comentar. "Não é uma questão pessoal,
mas eleitoral".
"Humildemente, eu recomendo
aos tucanos que escolham melhor
suas amizades. Já dizia o meu avô:
"diga-me com quem andas e eu te
direi quem és". Quem anda com
Armando Mellão, não pode ser
gente boa", afirmou Maluf.
Por orientação dos advogados,
o ex-prefeito evitou telefonar ou
conversar com Vita.
Em depoimento ao Ministério
Público, Vita disse ontem que o
diálogo gravado por Mellão é uma
"ópera bufa" -ele reconhece a
conversa, mas diz que tudo não
passou de mentiras. "Eu sabia que
era gravado e queria ver aonde
Armando Mellão queria chegar",
disse. O vereador malufista entrou e saiu sem conceder entrevista. Ouvido uma hora antes de Maluf, não se encontrou com o ex-prefeito na Promotoria criminal.
Segundo laudo do perito Ricardo Molina, as duas conversas gravadas não foram editadas. O perito afirma ainda que existe uma
naturalidade nos diálogos, com
começo, meio e fim, que afastam a
possibilidade de uma simulação.
Anteontem, Maluf também depôs à Polícia Federal e foi indiciado sob a acusação de crime de lavagem de dinheiro, evasão de divisas, sonegação fiscal, formação
de quadrilha e peculato (apropriação de dinheiro público). A
acusação está relacionada a contas bancárias mantidas pela família Maluf na Suíça. O ex-prefeito
nega possuir contas no exterior.
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