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JUDICIÁRIO
Juiz critica "emendas que parecem não ter fim"; ministro diz que processo de mudança "irá até onde for necessário"
Dirceu defende reforma constitucional
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM COSTA DO SAUÍPE (BA)
O ministro José Dirceu (Casa
Civil) disse ontem à noite que o
processo de reforma da Constituição "irá até onde for necessário".
O ministro fez a afirmação na
abertura do 21º Encontro Nacional dos Juízes Federais do Brasil,
em resposta às críticas do presidente da Ajufe (Associação dos
Juízes Federais), Jorge Antonio
Maurique. Em seu discurso, Maurique disse que existe um "processo de desconstrução da Constituição, através de emendas e emendas que parecem não ter fim".
Ao defender as emendas à
Constituição, José Dirceu disse
que o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva encontrou o Brasil em
uma situação em que as mudanças são necessárias. O ministro
disse também que não é "justo" o
governo ser julgado simplesmente porque enviou ao Congresso
projetos para a criação do Conselho Federal de Jornalismo, da Ancinav e de combate ao narcotráfico e lavagem de dinheiro.
"Depois que encaminhamos os
projetos, a pedido, muita gente falou sobre a tendência autoritária
do partido do presidente ou do
governo. Quero repelir todas essas insinuações e dizer que fazemos parte de um governo de coalizão, temos ao nosso lado quase
todos os partidos, com exceção do
PFL, PSDB e PDT, que estão na
oposição."
Ao falar sobre o projeto para
combater o narcotráfico e a lavagem de dinheiro, Dirceu defendeu a quebra dos sigilos fiscal,
bancário e telefônico de todos os
envolvidos nos crimes. "Estamos
falando de pessoas que estão envolvidas em crimes, não estamos
falando da sociedade brasileira
em geral. Veiculou-se, divulgou-se, tentou-se convencer a sociedade brasileira de que o governo
pretendia fazer "tábua rasa" da
privacidade do cidadão brasileiro,
que o governo pretendia censurar
a imprensa. Nós temos compromisso com a democracia, não vamos fazer coisas absurdas", disse.
José Dirceu disse também que o
governo tem encaminhado ao
Congresso importantes projetos
"que há 8, 12 ou 15 anos estavam
paralisados". "Há quantos anos o
Brasil clamava por uma reforma
da Previdência, há quantos anos o
Brasil clamava por uma mudança
sobre legislação do crédito imobiliário?", questionou.
Ainda em seu discurso, feito de
improviso, José Dirceu acrescentou que quase um terço da arrecadação do Brasil no próximo ano
(R$ 459 bilhões) pode ser destinado ao pagamento de juros. "É essa
a realidade do Brasil. Então, temos que fazer uma política econômica voltada para o social, para
os mais pobres."
O presidente do STJ (Superior
Tribunal de Justiça), Edson Vidigal, disse que a sociedade tem o
direito de cobrar mais agilidade
do Judiciário. "Estamos de acordo
com os reclamos da sociedade
contra as procrastinações que
empurram para um nunca mais o
trânsito em julgado, impedindo-se, assim, que se faça a justiça."
No total, cerca de 400 juízes federais de todo o país estão participando do encontro em Costa do
Sauípe (litoral norte de Salvador).
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