São Paulo, quinta-feira, 14 de novembro de 2002

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PAINEL

Pressão tucana
Os sete governadores eleitos pelo PSDB se reunirão para montar uma pauta de reivindicações que será entregue a Lula. Entre os itens estão a renegociação das dívidas, a reforma tributária e o aumento do repasse aos Estados do Fundef (fundo voltado para o ensino fundamental).

Oposição de resultados
A reunião dos governadores tucanos está marcada para o dia 25 e todos -incluindo Alckmin (SP) e Aécio Neves (MG)- já confirmaram presença. Segundo um dos governadores, o bom relacionamento do PSDB com Lula dependerá da aceitação dos pedidos dos tucanos.

Herança governista
A renegociação da dívida interessa principalmente a Aécio, que enfrenta déficit mensal de R$ 100 milhões. O repasse do Fundef aflige os sete governadores. Hoje a União repassa R$ 230 anuais por aluno, valor que está congelado desde 1997.

Grita regional
A bancada do PT no Congresso já reclama ostensivamente do domínio dos paulistas na cúpula da equipe de transição petista e no futuro ministério de Lula.

Pesca fracassada
Os congressistas do PT reclamam da falta de dados sobre o governo de transição e a futura equipe de Lula. Dizem que a bancada vive processo de "bagrização" -viraram "bagres", políticos sem importância.

Menos festa
Dirigentes do PT aconselharam Lula a deixar de lado o "clima de campanha" e as viagens para se preocupar mais com a transição. A orientação é que ele passe mais tempo em Brasília, em reuniões com assessores.

Sonho do zero
A UNE (União Nacional dos Estudantes) entregará a Lula o projeto "Analfabetismo Zero". Pretende fazer mutirão com 100 mil universitários para alfabetizar cerca de 50 milhões de brasileiros em quatro anos.

Bloco do eu
O deputado federal Beto Albuquerque (PSB-RS) se lançou, em reunião da sigla, "candidato" a ministro dos Transportes. Ex-secretário da área no governo Olívio Dutra (PT), o deputado disse que está sendo "incentivado" por colegas a tentar o posto.

Linha direta
Líder do PPS ouviu de Lula que o próprio presidente eleito convidou Ciro para integrar seu governo, durante a conversa que teve em SP com o ex-governador do CE, dias atrás. Não mencionou cargos. Ciro, cotado no PPS para ocupar a Previdência ou a Integração Nacional, disse que ouviria a sua sigla.

Regimento interno
O presidente do PPS, Roberto Freire, que diz desconhecer o convite, devolve a tarefa de responder a Lula ao próprio Ciro: "Nosso apoio é incondicional. Mas, se querem o PPS, temos uma direção nacional e ela não foi procurada. Se falaram com o Ciro, ele que responda ao Lula".

Loteamento público
Na reunião de ontem da executiva do PSB, Anthony Garotinho (RJ) revelou que Lula lhe assegurou que os cargos federais no Estado do Rio só serão preenchidos pelo seu governo após consulta à governadora eleita, Rosinha Garotinho (PSB).

Brinde-surpresa
Dirigentes do PT começam a trabalhar contra a candidatura de José Sarney à presidência do Senado. Avaliam que, se o ex-presidente vencer, aumentará o poder de seu amigo ACM, o que não é desejado pelo PT.

Visita à Folha
Patrick Dennis Duddy, cônsul-geral dos Estados Unidos em São Paulo, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado do cônsul Michael N. Greenwald, diretor da Seção de Imprensa, Educação e Cultura do Consulado Geral dos EUA em SP.

TIROTEIO

Do deputado Carlito Merss (PT-SC), sobre o depoimento do ministro Guilherme Dias (Planejamento) na Comissão de Orçamento do Congresso:
- Todos os ministros do Planejamento falam do mesmo jeito, com o mesmo tom de voz, sem dizer nada. Estudaram na escola do Martus Tavares [ex-ministro]. Em 15 minutos, a platéia já está dormindo.

CONTRAPONTO

Ilusão de ótica

O vice-presidente eleito, José Alencar (PL-MG), participou ontem da cerimônia de filiação de seu primeiro suplente, Aelton Freitas (MG), que trocou o PMDB pelo PL e assumirá uma cadeira no Senado em janeiro.
Na saída do evento, Alencar foi cercado por um grupo de portuários do Rio de Janeiro que protestava contra um projeto de lei que prevê a divisão do Porto do Rio em duas empresas.
A abreviatura de projeto de lei, no Congresso, é PL. Os manifestantes vestiam camisetas laranjas com a inscrição: "Diga não ao PL 6992/02".
Alencar viu aquilo e reclamou:
- Espera aí, como "diga não ao PL"? O PL é o meu partido, não quero saber disso.
Os portuários tentaram desfazer o mal-entendido. Mas o vice desconversou e foi embora:
- Não tem jeito, nunca vou apoiar um projeto desses, que é contra o meu partido!


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