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São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 2003

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TREM DO PARANÁ

Partido compõe a base da apoio ao governador na Assembléia Legislativa do Estado

Maioria de deputados do PT absolve Requião

MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

A bancada do PT na Assembléia Legislativa do Paraná tem posição dividida sobre os casos de nepotismo do governo Roberto Requião (PMDB). Dos nove deputados petistas ouvidos pela Agência Folha, três disseram condenar as nomeações de parentes do governador, três defenderam e três se declararam contra o nepotismo por princípio, mas tentaram justificar a atitude de Requião.
O PT integra a base de apoio do governador na Assembléia e está do seu lado desde o segundo turno da eleição de 2002. Nenhuma lei no Paraná proíbe o nepotismo.
No domingo, reportagem da Folha listou nove parentes de Requião empregados no governo, além de outras 17 nomeações de parentes de integrantes do primeiro escalão. O governador disse que empregou parentes pelos critérios da competência e confiança pessoal.

A favor
"O governador está correto quando chama à equipe pessoas pelos critérios da confiança e da competência", diz o deputado Ângelo Vanhoni, que é líder do governo na Assembléia e pré-candidato do PT à Prefeitura de Curitiba com o apoio de Requião.
Natálio Stica, cuja filha Fernanda é funcionária da TVE e garota-propaganda do governo Requião, defende o governador e a filha. Segundo o deputado, "ela ganha uma mixaria" por essa exposição.
Stica foi o primeiro deputado a sair em defesa do governador.
Hermes da Fonseca, que já empregou um irmão e um cunhado quando prefeito de Cornélio Procópio (1988-1992), endossa as justificativas de Requião. "Nós, do serviço público, temos que ter gente da mais alta confiança", diz.

Contra
Em relação à reportagem da Folha, o presidente estadual do PT, André Vargas, disse que "não dá para condenar o carteiro porque ele trouxe a má notícia". Na terça-feira, ele subiu à tribuna para condenar o nepotismo no Paraná, mas nem por isso pretende deixar a base aliada ou propor uma lei que proíba empregar parentes.
"O objetivo do governante deve ser a confiança da população, não a confiança pessoal sobre a equipe", diz Tadeu Veneri, outro a condenar o nepotismo.
Padre Paulo Campos também critica: "O governador só se desgasta com isso".

"Saia justa"
Luciana Rafagnin, Elton Welter e Pedro Ivo Ilkiv integram o grupo da "saia justa": contra o nepotismo, mas sem condenar o governador e sua equipe. "Não foi surpresa para mim", diz Rafagnin. "Na campanha, Requião já declarava que nomearia o irmão Maurício."
"Não tenho parente no meu gabinete, de jeito nenhum, nem no gabinete dos outros", diz Welter. Na posição de Requião, ele afirma que excluiria a família. "Mas fica a critério de cada um."
Para Ilkiv, "se [o funcionário] não é técnico e é parente, é nepotismo mesmo". Quando prefeito de União da Vitória (1997-2000), o deputado deixou a mulher fora da equipe, mas usou "critério técnico" para empregar uma irmã. "Então, não posso condenar o governador."


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