São Paulo, domingo, 14 de novembro de 2004

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Hu improvisa passeio turístico por Brasília

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um dia depois de participar de um banquete, que só terminou depois das 23h, o presidente chinês, Hu Jintao, acordou cedo e improvisou, fora da agenda oficial, um passeio turístico por Brasília. Ele visitou a catedral, na Esplanada dos Ministérios, e a ponte JK, inaugurada em 2002 e considerada, pela Sociedade de Engenheiros da Pensilvânia Ocidental, como a mais bonita do mundo daquele ano.
O passeio durou pouco mais de uma hora e não pôde ser acompanhado pela maioria dos repórteres chineses que vieram com a comitiva. Segundo um jornalista chinês, a imprensa só pôde seguir o presidente quando recebe autorização. Ele afirmou que os repórteres não podem nem se dirigir a Hu, pois correm o risco de perder suas credenciais.
O principal evento no dia de Hu foi um churrasco oferecido por Lula na Granja do Torto. A comitiva do presidente chegou quase toda de terno e gravata para o evento. Hu dispensou a gravata e estava só de blazer. Os ministros brasileiros, mais à vontade, vestiam camisa social.
Além de picanha e lingüiça, o presidente encomendou o preparo de uma costela que assou por mais de 12 horas. O vinho, como em todas as solenidades no Itamaraty, era brasileiro.
O churrasco faz parte do marketing culinário brasileiro para convencer estrangeiros a abrir seus mercados a produtos agrícolas do país. A estratégia já foi usada com o primeiro-ministro do Japão, Junichiro Koizumi. O Itamaraty ofereceu manga para Koizumi, na sua passagem pelo Brasil.
A delegação chinesa assinara um dia antes um protocolo fitossanitário que deverá abrir o mercado de carne bovina para o Brasil. O negócio pode render US$ 600 milhões por ano.
O marketing culinário também esteve presente no banquete que Lula ofereceu a Hu no Itamaraty. As mesas, com a exceção da dos chefes de Estado, tinham nome de frutas. O cardápio foi palmito, linguado com mandioquinha e sorvete de banana servido sobre um tipo de panqueca de tapioca.
O palmito, servido como entrada, não agradou a todos os chineses. Alguns só experimentaram o produto brasileiro e deixaram o resto no prato.
Parte da comitiva de Hu Jintao, que esteve no banquete, também não mostrou intimidade com o garfo e a faca. Não havia hashi, os tradicionais pauzinhos chineses.

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