São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 2008

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Papa precisa falar sobre a crise, diz Lula

Presidente afirma que impressão positiva que teve de Bento 16 no Brasil foi mantida

Visita da comitiva brasileira termina com a assinatura de um acordo entre o país e a Santa Sé que ordena as relações entre os 2 Estados

Reuters/"Osservatore Romano"
No Vaticano, Lula conversa com Bento 16, que, após encontro com o presidente, saudou a comitiva formada por quatro ministros

DO ENVIADO A ROMA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou seu primeiro encontro com um papa no Vaticano para pedir a Bento 16 que se manifeste mais sobre a crise financeira em seus sermões. E convidou o religioso para voltar ao Brasil.
Após uma conversa que durou 24 minutos, Lula preferiu não revelar detalhes da reação do pontífice, brincando que era "segredo de confissão". "Se todo domingo o papa der um conselhozinho, quem sabe a gente encontre mais facilidade para resolver essa crise."
O presidente liderou uma comitiva composta por quatro ministros, que foram saudados brevemente pelo papa. A impressão positiva que Lula havia tido na visita feita por Bento 16, em maio de 2007, foi mantida.
"O papa é uma figura surpreendente, porque a imagem que ele passava na televisão antes de ir ao Brasil era a imagem de um homem sisudo, de poucos amigos", disse o presidente. "A verdade é que chegou ao Brasil um homem afável. Acho que ele conquistou o Brasil e o Brasil conquistou ele."
Visivelmente emocionada, a primeira-dama Marisa Letícia disse que teve a mesma impressão, após cumprimentar o papa e receber um terço de presente, assim como todas as mulheres da comitiva. Os homens receberam uma medalha.
"Eu já o conhecia e novamente o achei muito simpático", disse à Folha Marisa, que usava o mesmo véu negro de renda que as demais mulheres da comitiva brasileira, entre elas a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e a embaixadora no Vaticano, Vera Machado.
O chefe da segurança presidencial, o general Gonçalves Dias, foi o último da fila de cumprimentos ao papa e o único que beijou a mão do pontífice. "Eu fui coroinha", disse.
A visita da comitiva brasileira foi concluída com a assinatura de um acordo entre o Brasil e a Santa Sé, que ordena juridicamente as relações entre os dois Estados.
O cardeal brasileiro dom Cláudio Hummes, que acompanhou a assinatura do acordo sentado ao lado da primeira-dama, comentou que Bento 16 está preocupado com a fuga de fiéis da Igreja Católica no Brasil e que por isso foram intensificadas as ações missionárias.
"É uma preocupação grande", disse d. Claudio.
(MARCELO NINIO)


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