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Por Serra, PSDB se une a PT no Congresso
Com medo de herdar Previdência ainda mais deficitária, tucanos tentam evitar votação de projeto que reajusta aposentadorias
Estratégia de DEM e PPS é
votar proposta que estende
reajuste do salário mínimo a
todas as pensões do INSS e
deixar ônus de veto para Lula
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Objeto de preocupação do
governador de São Paulo, José
Serra (PSDB), a proposta de
reajuste de aposentadorias
produziu uma aliança tácita entre PSDB e PT no Congresso e
rachou a oposição.
Com medo de herdar um
profundo deficit da Previdência num eventual governo Serra, o PSDB trabalha, discretamente, para evitar a votação da
proposta que aplica a todas as
faixas de aposentadoria do
INSS o mesmo índice de reajuste do salário mínimo.
Numa reunião em São Paulo,
os líderes na Câmara do PSDB,
José Aníbal, e do PT, Cândido
Vaccarezza, e o presidente da
Casa, Michel Temer, traçaram
um acordo para evitar que projeto fosse levado à votação.
Aliados do PSDB, PPS e DEM
pregam, no entanto, voto em
favor do projeto -de autoria do
senador petista Paulo Paim
(RS)-, para que o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva assuma o ônus do veto.
O presidente do PPS, Roberto Freire, admite que "Serra está preocupado" com o impacto
da medida. "Serra tem espírito
público. Ele vê reflexos também no seu governo. Está preocupado com o futuro do país",
diz Freire. Mas avisa que o PPS
votará a favor do projeto.
"Se o governo não tem racionalidade administrativa, cria
cargos para abrigar apaniguados, por que o aposentado será
punido? O PSDB ajuda o governo e sempre leva porrada."
Já os democratas decidiram
condicionar a regulamentação
da distribuição de royalties das
recém-descobertas reservas de
petróleo (o pré-sal) à aprovação
do reajuste. "Se não votar a
aposentadoria, vamos para
obstrução", disse o presidente
do DEM, Rodrigo Maia (RJ).
Segundo integrantes da cúpula do PSDB, até os parlamentares tucanos deverão votar a
favor do reajuste se o texto chegar ao plenário. Daí o esforço
para que não seja votado.
Alegando que em setembro o
deficit da Previdência chegou a
R$ 9,7 bilhões, Aníbal chegou a
ter ríspida conversa com o líder
do DEM na Câmara, Ronaldo
Caiado (GO), sobre o tema.
Ao falar sobre a preocupação
de Serra, o líder tucano comenta: "Todo sujeito que tem senso
de responsabilidade está preocupado. O governo deve apresentar uma proposta para os
aposentados. Mas não há margem para essa proposta".
O PSDB teme que, sob pressão, Lula sancione o reajuste,
deixando uma bomba para o
sucessor. Hoje líder nas pesquisas de opinião, Serra já manifestou a interlocutores sua
apreensão.
A estratégia é para que Serra
não se exponha durante a negociação. A ideia é que, em janeiro, Lula ofereça uma alternativa, por medida provisória, aos
aposentados. Até lá, o PSDB
deixará para o governo a tarefa
de evitar a votação.
Além da preocupação com o
deficit, Serra deu ontem outra
evidência de que é candidato à
Presidência. Ao visitar o projeto do Parque Estadual do Belém, na zona leste da cidade de
São Paulo, disse que "bem que
gostaria" de inaugurar a obra,
com conclusão prevista para o
segundo semestre do ano que
vem. "Mas vai ser difícil, né?"
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