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TRANSIÇÃO
Presidente eleito também confirma Marina Silva e Celso Amorim
Lula anuncia mais dois empresários no ministério
PLÍNIO FRAGA
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
Com um recado contra eventuais disputas de poder entre ministros, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, anunciou ontem formalmente mais quatro integrantes de sua equipe. O empresário Luiz Fernando Furlan assumirá o Desenvolvimento, o empresário rural Roberto Rodrigues
ocupará a Agricultura, e o embaixador Celso Amorim será o titular
da pasta das Relações Exteriores.
Sem a presença da mulher, Marisa Letícia, como ocorreu no
anúncio de anteontem, Lula reafirmou que a senadora Marina
Silva (PT-AC), que estava sentada
ao seu lado na mesa do pacto social, será a nova ministra do Meio
Ambiente.
"Havia cometido um lapso ontem [anteontem" ao não anunciar
a senadora Marina Silva. Já havia
dito em Washington que ela cuidaria do Meio Ambiente. Que chique, não é? Liguei para ela para reconhecer que era um lapso, porque poderia achar que foi destituída antes mesmo de tomar posse", afirmou Lula.
Já prevendo eventuais choques
entre seus escolhidos, Lula ressaltou uma característica que deseja
em seu ministério. "Não seremos
um governo no qual predominará
a palavra "eu" -"eu faço, eu quero". Prevalecerá a palavra "nós".
Não haverá política deste ministro ou daquele ministério. O que
vai haver será a política de governo", declarou.
Os novos ministros da Fazenda,
Antonio Palocci Filho, e da Casa
Civil, José Dirceu, estavam sentados ao lado de Furlan e de Lula.
Três dos homens mais fortes do
futuro governo ouviram o recado
do presidente eleito e assentiram
com a cabeça.
Uma das possibilidades de confronto entre Palocci e Furlan pode
vir a ser o comando do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), com
um orçamento anual de R$ 35 bilhões para investimentos.
Hoje o banco é subordinado ao
Desenvolvimento, mas pode ser
transferido para a Fazenda. Questionado pela Folha, ao lado de
Furlan, Palocci respondeu: "O
presidente Lula não nos informou
nada a respeito". A Folha insistiu
se a mudança estaria então descartada: "O presidente pode tomar essa decisão amanhã, mas
não há até agora nada a esse respeito", disse Palocci.
Furlan afirmou ter convencido
Lula de desistir de uma de suas
promessas de campanha: a criação de uma Secretaria Extraordinária de Comércio Exterior, subordinada diretamente à Presidência da República.
Se criada, a secretaria enfraqueceria o ministério de Furlan, ele
próprio um defensor da idéia antes de se tornar ministro. "A instrução do presidente é que essa
secretaria esteja ligada ao ministério. Foi a conclusão que ele chegou. Vamos reforçar as estruturas
existentes para dar dinamismo a
ela", disse Furlan.
O novo ministro do Desenvolvimento citava os Estados Unidos
como exemplo de país que adotou com sucesso uma secretaria
para o comércio exterior diretamente ligada ao presidente.
Furlan tentou demonstrar que
não haverá uma disputa de poder
com o condutor da economia,
Antonio Palocci. "Vamos atuar
em conjunto", declarou.
Citou o economista Mário Henrique Simonsen, morto em 1997,
para definir o papel do ministro
da Fazenda. "Ele é o camisa número 1. Não pode deixar entrar o
gol. Os outros podem só chutar
para a frente. Eu, com a minha altura, também posso ajudar na defesa", afirmou.
Havia a expectativa de que o
presidente eleito anunciasse também os nomes do deputado federal Jaques Wagner para o Trabalho e do advogado Márcio Thomaz Bastos para a Justiça. Mas,
como os dois não puderam comparecer à reunião, a divulgação
dos dois nomes, certos no ministério, foi adiada.
Área social
Lula quis acalmar integrantes de
movimentos sociais que participaram ontem da segunda reunião
preparatória do pacto social. "Podem ficar tranquilos que vou fazer
um ato do mesmo porte para
anunciar os ministros da área social", disse.
Na segunda reunião preparativa
para a criação do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, Lula comunicou as três escolhas. "Como são pessoas da sociedade civil e não de partidos, quis
fazer esse anúncio aqui", justificou o presidente eleito.
No entanto, o presidente da Coca-Cola, Jack Corrêa, o primeiro a
deixar a reunião, confirmou a informação dos novos ministros
antes que o porta-voz, André Singer, comunicasse que o presidente eleito iria fazer um pronunciamento à imprensa.
Na reunião do pacto, em fala de
30 minutos a cerca de 80 pessoas,
Lula afirmou que terá de fazer
cortes de gastos no Orçamento de
2003 devido à crise econômica do
país, mas disse que preservará os
programas sociais do governo.
Na frente dos empresários, Lula
elogiou declarações do novo ministro da Fazenda, Antonio Palocci, sobre a necessidade de reavaliação dos gastos do governo, em
uma demonstração de apoio a um
ato que deve gerar atritos na base
do governo no Congresso.
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