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Senadora ataca Dirceu e
nega apoio a Meirelles
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A senadora Heloísa Helena (PT-AL) afirmou ontem que o deputado José Dirceu (PT-SP), futuro
ministro-chefe da Casa Civil do
governo Lula, agiu com "injustiça", "maldade" e "truculência" ao
criticar sua posição em relação à
indicação de Henrique Meirelles
para assumir a presidência do
Banco Central.
Integrante da tendência Democracia Socialista, da esquerda do
PT, a senadora disse que não sairá
do partido, mas avisou que "nem
no pau-de-arara" votará a favor
da indicação de Meirelles, por seu
vínculo com o sistema financeiro
internacional. "Quem me conhece sabe: vou ser firme na base de
sustentação do governo, mas não
vou ser da base de bajulação".
Se a bancada petista no Senado
fechar questão, ela disse que prefere faltar às sessões. A indicação
de Meirelles tem de ser votada na
Comissão de Assuntos Econômicos, da qual Heloísa Helena é integrante, e no plenário do Senado.
Folha - O que a sra. achou das declarações do deputado José Dirceu?
Heloísa Helena - Em respeito ao
presidente do partido, deputado
José Genoino (SP), que nos fez
um apelo para viabilizar esse debate internamente, nas instituições partidárias, não vou dar a
resposta que o ministro José Dirceu merece. Conheço o Estatuto
do PT e sei que, para opinião, não
cabe medida disciplinar. Respeito
muito o Genoino, até por que tenho muita dificuldade de conviver com quem acha que, pela força, pode me dobrar. E o Genoino
sempre buscou o entendimento
pelo convencimento e não pelo
cabresto. O Genoino é uma pessoa que todos respeitamos muito.
É, na essência, um democrata.
Sempre conviveu com a esquerda
do partido de forma respeitosa.
Folha - José Dirceu praticamente
sugeriu que a sra. deixe o partido.
Helena - O ministro foi extremamente injusto e agiu com uma
maldade seletiva, ao falar que eu
não fiz campanha para o Lula. O
PMDB e o PSDB, que fizeram tudo para impedir a eleição do Lula,
não têm sido tratados com essa
truculência. O ministro sabe que
eu estarei, como sempre estive
nestes quatro anos no Senado, defendendo o PT. Se ele parar para
pensar um pouco, vai lembrar de
momentos difíceis nos quais o PT
contou com minha feroz defesa.
Não tenho divergências com o
partido. Quem ler a resolução do
último encontro nacional do PT,
instância máxima do partido, vai
identificar coerência das minhas
posições com as decisões.
Folha - Como será o seu relacionamento com o futuro governo?
Helena - Quem me conhece, sabe: vou ser firme na base de sustentação do governo, mas não sou
da base de bajulação.
Folha - Nesse caso do BC, é o partido que está sendo incoerente?
Helena -A mim não foram oferecidos argumentos. Não voto a favor nem no pau-de-arara. Por isso vou fazer um apelo ao meu líder [Eduardo Suplicy] e à bancada para que não fechem questão.
Se fecharem questão e eu estiver
sujeita a expulsão, é mais fácil eu
não ir. Não vou sair de um partido
que ajudei a construir por causa
de um voto para o presidente do
BC. Esse processo me causa mais
tristeza do que indignação.
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