São Paulo, sábado, 14 de dezembro de 2002

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Petistas radicais vêem "desastre" e "equívoco"

DA REPORTAGEM LOCAL

Integrantes da esquerda do PT classificaram como um "desastre" e um "equívoco" a escolha do ex-presidente do BankBoston Henrique Meirelles para a presidência do Banco Central e de Luiz Fernando Furlan, presidente do Conselho de Administração da Sadia, para o Ministério do Desenvolvimento.
Integrantes da esquerda do partido, esses petistas também demonstraram insatisfação com o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, que não teria consultado o Diretório Nacional sobre os nomes que escolheu para a formação de sua equipe econômica.
A gaúcha Luciana Genro, deputada federal eleita e integrante do pequeno grupo radical Movimento de Esquerda Socialista, disse que a escolha de Meirelles e Furlan para compor a equipe de Lula foi um "desastre".
"O meu entendimento é que tinha de haver uma ruptura. Meirelles só chegou a um alto posto em um banco porque está a serviço do capital financeiro internacional", disse ela, que é filha do candidato derrotado ao governo do Rio Grande do Sul Tarso Genro.
Luciana Genro afirmou que o PT precisa demonstrar coerência com as idéias aprovadas durante o 12º Encontro Nacional do partido, em Recife, em 2001. No encontro, o partido prometeu denunciar "política e juridicamente" o acordo com o FMI e romper com a política econômica vigente.
Ela nega, entretanto, que tenha a intenção de participar da formação de um novo partido e descarta a possibilidade de racha no PT. Mas avalia que as críticas de José Dirceu, futuro ministro da Casa Civil, à senadora petista Heloísa Helena, que rejeitou o nome de Meirelles, foram um "excesso verbal". "Ele deve respeitar todos."
Ivan Valente, da Força Socialista e deputado federal eleito por São Paulo, afirmou que a escolha de Lula visa agradar ao mercado e que, portanto, é equivocada.
"O mercado financeiro é irracional. Não podemos nos preocupar com nomes que lhe agradem. Por ser especulativo, não há como agradar-lhe", disse Valente.
O deputado federal eleito também defendeu uma identificação dos nomes do futuro governo com as propostas do PT.
Próximo às correntes Democracia Socialista e Refazendo, do Rio de Janeiro, o deputado federal eleito Chico Alencar foi mais cauteloso na sua avaliação da indicação de Meirelles.
"Estou apreensivo porque a escolha desses nomes pode prejudicar a mudança na condução da política econômica, desejada pelos eleitores do PT", disse. Alencar, assim como os outros petistas, disse ser contra a independência do Banco Central.
Outro nome da futura equipe econômica, Antonio Palocci Filho, que ocupará a Fazenda, foi poupado das críticas dos radicais do partido, que ressaltaram a importância de o ex-prefeito de Ribeirão Preto ser um quadro tradicional do PT. (JULIA DUAILIBI)


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