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Petistas radicais vêem
"desastre" e "equívoco"
DA REPORTAGEM LOCAL
Integrantes da esquerda do PT
classificaram como um "desastre" e um "equívoco" a escolha do
ex-presidente do BankBoston
Henrique Meirelles para a presidência do Banco Central e de Luiz
Fernando Furlan, presidente do
Conselho de Administração da
Sadia, para o Ministério do Desenvolvimento.
Integrantes da esquerda do partido, esses petistas também demonstraram insatisfação com o
presidente eleito, Luiz Inácio Lula
da Silva, que não teria consultado
o Diretório Nacional sobre os nomes que escolheu para a formação de sua equipe econômica.
A gaúcha Luciana Genro, deputada federal eleita e integrante do
pequeno grupo radical Movimento de Esquerda Socialista, disse
que a escolha de Meirelles e Furlan para compor a equipe de Lula
foi um "desastre".
"O meu entendimento é que tinha de haver uma ruptura. Meirelles só chegou a um alto posto em
um banco porque está a serviço
do capital financeiro internacional", disse ela, que é filha do candidato derrotado ao governo do
Rio Grande do Sul Tarso Genro.
Luciana Genro afirmou que o
PT precisa demonstrar coerência
com as idéias aprovadas durante
o 12º Encontro Nacional do partido, em Recife, em 2001. No encontro, o partido prometeu denunciar "política e juridicamente" o acordo com o FMI e romper
com a política econômica vigente.
Ela nega, entretanto, que tenha
a intenção de participar da formação de um novo partido e descarta
a possibilidade de racha no PT.
Mas avalia que as críticas de José
Dirceu, futuro ministro da Casa
Civil, à senadora petista Heloísa
Helena, que rejeitou o nome de
Meirelles, foram um "excesso verbal". "Ele deve respeitar todos."
Ivan Valente, da Força Socialista
e deputado federal eleito por São
Paulo, afirmou que a escolha de
Lula visa agradar ao mercado e
que, portanto, é equivocada.
"O mercado financeiro é irracional. Não podemos nos preocupar com nomes que lhe agradem.
Por ser especulativo, não há como
agradar-lhe", disse Valente.
O deputado federal eleito também defendeu uma identificação
dos nomes do futuro governo
com as propostas do PT.
Próximo às correntes Democracia Socialista e Refazendo, do Rio
de Janeiro, o deputado federal
eleito Chico Alencar foi mais cauteloso na sua avaliação da indicação de Meirelles.
"Estou apreensivo porque a escolha desses nomes pode prejudicar a mudança na condução da
política econômica, desejada pelos eleitores do PT", disse. Alencar, assim como os outros petistas, disse ser contra a independência do Banco Central.
Outro nome da futura equipe
econômica, Antonio Palocci Filho, que ocupará a Fazenda, foi
poupado das críticas dos radicais
do partido, que ressaltaram a importância de o ex-prefeito de Ribeirão Preto ser um quadro tradicional do PT.
(JULIA DUAILIBI)
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