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São Paulo, domingo, 14 de dezembro de 2003

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Demora do STF pode beneficiar juiz

DA REPORTAGEM LOCAL

Afastado do cargo de juiz do Tribunal Regional Federal da 3ª Região em abril deste ano, denunciado por falsificar documentos do Imposto de Renda, o desembargador Roberto Haddad poderá se beneficiar com a demora do Supremo Tribunal Federal.
Desde julho, o STF não leva a julgamento habeas corpus impetrado pelo juiz para tentar reverter a decisão do Superior Tribunal de Justiça que o tirou do cargo em abril, quando recebeu a denúncia por crimes contra a fé pública.
No habeas corpus, Haddad alegou coação ilegal do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Questionou a prova pericial da denúncia. Alegou falta de justa causa para a ação criminal, porque a ação se referia apenas a infração contra a ordem tributária, extinta com o pagamento do tributo devido.
Num primeiro momento, o ministro Gilmar Mendes rejeitou o pedido, ao reconhecer que não havia os requisitos para conceder a liminar solicitada por Haddad.
Haddad insistiu. Pediu para suspender interrogatório marcado para o dia 4 de agosto. Alegou que seria prejudicado pelo recesso do Judiciário em julho, pois dificilmente o STF julgaria o habeas corpus antes do interrogatório.
Mendes concordou e concedeu a liminar apenas para suspender o interrogatório. Com isso, interrompeu o andamento do processo. A demora no julgamento representou, na prática, a concessão da liminar que rejeitara.
O Judiciário entrará em recesso neste mês, seguido das férias forenses. Para o Ministério Público Federal, Haddad será beneficiado com o prolongamento da suspensão da ação criminal, e a paralisação de uma ação sempre é nefasta.
Com base na decisão de Mendes, o ministro Fernando Gonçalves, relator da ação penal no STJ, também suspendeu os interrogatórios da ex-mulher do desembargador, Maria Cristina Haddad, e do funcionário da Receita Federal Cláudio Maldonado Machado, que também tiveram denúncia recebida pelo STJ.
A Folha apurou que o ministro Gilmar Mendes pretenderia colocar o habeas corpus em julgamento ainda neste ano. Para o MPF, o processo ainda não estaria em condições de ir a julgamento. (FV)


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