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São Paulo, domingo, 14 de dezembro de 2003

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OUTRO LADO

Auditor fiscal diz estar surpreso por seu nome ter sido citado

DA REPORTAGEM LOCAL

"Não tenho nada a temer", diz o auditor fiscal Carlos Roberto Fujihara. "Foi uma surpresa ver o meu nome envolvido nas gravações. É uma atitude lamentável porque não tenho nenhuma relação com os fatos. Na verdade, desconheço completamente o assunto tratado", afirma o auditor.
Fujihara diz que está há 19 anos na Receita Federal, trabalha normalmente e em nenhum momento esteve afastado do órgão.
"Meu processo [na Justiça Federal] foi há 12 ou 13 anos", diz, alegando não relembrar detalhes. "A coisa acaba esquecida", diz.
Fujihara afirma que não mantém relações com Norma Cunha, ex-mulher do juiz João Carlos da Rocha Mattos. "A Norma foi colega de serviço. Depois que ela se aposentou, nunca mais a vi", diz. Fujihara diz que não trabalhou com a irmã de Rocha Mattos.
Sobre a sindicância interna, diz: "Estou fornecendo todos os dados e estou aguardando". "Não conheço esse senhor", diz, referindo-se ao desembargador Roberto Haddad, a quem teria ajudado, fornecendo documentos privativos da Receita.
O advogado Luiz Noboru Sakaue, que defende Fujihara, diz que o Ministério Público Federal concordou com a extinção da punibilidade do auditor. "Houve o pagamento de tributos, peguei dois pareceres de juristas, eles concordaram que esse pagamento beneficiaria o meu cliente."
Sakaue nega que Rocha Mattos tenha engavetado o processo para favorecer Fujihara e que o auditor estivesse com US$ 300 mil quando foi preso em flagrante.
O advogado diz que, nas gravações, Rocha Mattos, "em vez de dizer o nome do outro advogado, acabou citando o primeiro nome que lhe veio à cabeça: Fujihara".
O advogado Lindemberg da Mota Silveira, 64, diz que seu relacionamento com Fujihara ficou circunscrito a um processo administrativo no Distrito Federal. "É outro assunto, não trata absolutamente do caso Anaconda."
"No caso do [Cláudio] Maldonado, não tem absolutamente nada a ver com a Anaconda."
Diz que não sabe por que o seu nome foi citado na CPI do Combustível. "Fui apenas advogado da Xereta [indústria de bebidas, um dos réus na ação criminal]."
Silveira diz que conversou com Ari Natalino apenas uma vez. "Ele tinha uma distribuidora de gás, foi assunto profissional."
O advogado diz que esteve uma única vez com o juiz Rocha Mattos, quando era subprocurador da Fazenda Nacional e o juiz respondia pela distribuição de processos. "Ele foi muito gentil. Só isso."
"O corrupto deve ser exemplarmente punido. Mas vejo com profunda preocupação o denuncismo que se instalou no país e que leva a enlamear o nome de terceiros", afirma.
A Folha não conseguiu localizar a ex-auditora Vera Cecília Vieira de Moraes. O corregedor da Receita Federal, Jorge David, se encontrava em viagem. (FV)


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