São Paulo, quinta-feira, 15 de fevereiro de 2001

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CONGRESSO

Senador fez críticas a todos, mas alvo mais duramente atingido foi Jader Barbalho, que o sucedeu na presidência do Senado

ACM ataca os Três Poderes na despedida

Jorge Araujo/Folha Imagem
O senador durante a votação que elegeu Jader (à esq.)


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em seu discurso de despedida, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) reservou críticas aos Três Poderes, mas foi mais implacável com seu sucessor na presidência do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA).
Referindo-se indiretamente a Jader, disse: "O Brasil e o Senado não merecem trilhar caminhos de penumbra, conduzidos por aqueles que não são acreditados pela sociedade".
ACM discursou das 18h31 às 18h48, depois de proclamar a vitória de Jader. Leu um discurso redigido anteriormente e acrescentou um pouco mais de críticas ao texto inicial.
Com 13 páginas, o discurso de Antonio Carlos Magalhães teve um trecho final em que os parágrafos começavam sempre com o bordão "o Brasil não merece".
O primeiro a ser criticado foi o Executivo. "O Brasil não merece que seus governantes não tenham conhecimento das graves irregularidades que, infelizmente, ocorrem beneficiando apaniguados alheios à moralidade do governo", disse ACM.
Em seguida, atacou um dos Poderes que mais criticou ao longo de seus quatro anos na presidência, o Judiciário:
""O Brasil não merece um Judiciário sujeito à corrupção, vulnerável às vaidades pessoais e à busca de vantagens".
Sobre o Legislativo, ACM fez uma referência velada ao caso recente em que o PFL da Bahia acusou o PMDB de oferecer vantagens pela filiação de quatro deputados federais:
""O Brasil não merece um Legislativo aberto a corrupções, a cartas de intenção de compra e venda no mercado das vaidades, balcão de negociatas eivado de oportunismos e exposto à política pessoal e à defesa de interesses individuais, nos dedos de vendilhões".
Chamou a atenção a supressão de um elogio que o discurso escrito fazia ao presidente Fernando Henrique Cardoso.
Estava escrito: "Exalto, portanto, o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, mas, nem por isso a minha fala o exime das falhas que ocorreram e que, creio, poderão ser sanadas".
Ao ler esse trecho, ACM retirou o verbo inicial (""exalto") e disse o seguinte: ""O governo do presidente Fernando Henrique Cardoso tem do que se gabar, mas, nem por isso (...) etc."
Além disso, incluiu uma frase sobre as ""falhas" que ""poderão ser sanadas": ""Porque são, sobretudo, falhas de ministérios que não atentam para a moralidade pública". (FR)


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