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AGENDA PETISTA
Palocci vai apresentar a proposta a Lula até o final deste mês
Reforma tributária deve ter "pacote"
VALDO CRUZ
DIRETOR-EXECUTIVO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A estratégia do governo para
aprovar a reforma tributária deverá ser a apresentação de uma
PEC (Proposta de Emenda Constitucional) e também dos projetos
de lei complementar num grande
pacote. Objetivo: aproveitar o cacife político do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva e aprová-la
ainda neste ano.
Lula baterá o martelo nos próximos dias sobre a estratégia de encaminhamento ao Congresso, porque a reforma já está praticamente pronta. As opções são enviar apenas uma proposta de emenda, o que é considerado
pouco pelo governo, ou o pacote
todo, o que tende a acontecer.
Segundo apurou a Folha, o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) apresentará a proposta de reforma ao presidente antes do
fim do mês, nas vésperas de mais uma reunião com os governadores para a última costura política.
O governo considera politicamente fechada a reforma porque
já obteve aval dos governadores
para o ponto mais polêmico (a
unificação do ICMS em lei federal,
com quatro ou cinco alíquotas) e
de prefeitos e empresários.
Ao longo da semana, Lula e Palocci obtiveram o aval dos prefeitos e também dos empresários que participam do Conselho de
Desenvolvimento Econômico Social. A decisão do presidente é
acelerar a reforma tributária.
Há possibilidade de ela ser enviada ao Congresso uma ou duas
semanas antes da reforma previdenciária -esta tem mais polêmicas a serem resolvidas.
Pontos principais
Além da unificação das 27 legislações de ICMS existentes hoje, a
reforma prevê mudanças na contribuição previdenciária, que deixaria de incidir exclusivamente
sobre a folha de pagamento. Parte
seria cobrada sobre o faturamento das empresas ou sobre o valor
final dos bens produzidos.
No caso da Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), a proposta é que
a alíquota seja elevada e passe a
incidir sobre o valor final dos produtos, em vez de sobre o faturamento das empresas -a exemplo
do que ocorre, em caráter experimental, com o PIS/Pasep desde o
ano passado.
Outra medida que estará na
proposta é a transformação da
CPMF em contribuição permanente, mas com uma redução
progressiva de sua alíquota. No
próximo ano, ficaria mais uma
vez prorrogado a alíquota de
0,38%, que seria reduzida nos
anos seguintes.
Entre os temas que vão constar
dos projetos de lei complementar
está a forma de cobrança do IVA
(Imposto sobre Valor Agregado),
que substituiria o atual ICMS.
A dúvida é se ele seria cobrado
no local onde o produto é fabricado ou no Estado consumidor.
Por se tratar de assunto polêmico é que o governo decidiu não
colocá-lo na proposta de emenda
constitucional, o que facilitaria a
sua aprovação.
PT e âncora
Na reunião do Diretório Nacional do PT, hoje e amanhã, Lula e
Palocci deverão obter, por meio
de resolução, apoio à política econômica e às propostas de reforma
tributária e previdenciária. É uma
forma de "documentar" políticas
do governo que são criticadas por
membros da esquerda petista.
Frequentemente, os radicais argumentam que as instâncias do
partido não aprovaram políticas
postas agora em andamento.
Assim, o governo espera evitar
ameaças de rebelião nas votações
futuras, enquadrando deputados
federais e senadores. Com isso,
Lula evita dar argumentos para
que partidos aliados resistam a
aprovar pontos polêmicos e mostra ao mercado que o PT permite
liberdade de opinião, mas terá
ação una na hora H.
A aprovação da reforma tributária em 2003 é vista por Lula e Palocci como uma prioridade para
marcar diferenças com o governo
Fernando Henrique Cardoso, que
prometia fazer a reformulação do
sistema de impostos, mas nunca a
levou a cabo.
Na avaliação de Lula e Palocci, a
reforma tributária poderá ser a
"âncora social" do governo. O ministro já vem argumentando que
o PT fez um ajuste fiscal diferente
dos de FHC.
Antes, eles eram feitos com aumento de receita (mais impostos)
e corte de gastos. Lula optou só
pelo corte. Aprovada a reforma e
uma consequente racionalização
do sistema tributário, o governo
petista acredita que estará marcando uma diferença em relação
ao seu antecessor.
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