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CAMPO MINADO
Lavradores ligados à Comissão Pastoral da Terra reivindicam cestas básicas e melhoria de infra-estrutura
Sem-terra bloqueiam rodovia em Alagoas
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
Cerca de 300 sem-terra ligados à
CPT (Comissão Pastoral da Terra), braço agrário da Igreja Católica, bloquearam ontem por cerca
de oito horas a rodovia BR-101,
em Flexeiras (Alagoas, 58 km ao
norte de Maceió), próximo à divisa com Pernambuco.
Portando foices e facões, os lavradores reivindicavam 2.000 cestas básicas, melhoria da infra-estrutura em três assentamentos do
Estado e mais agilidade no processo de reforma agrária.
Os manifestantes jogaram galhos e pedras sobre a pista e atearam fogo em pneus velhos. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, o tumulto, iniciado às 8h, provocou um congestionamento de
quatro quilômetros.
Às 12h15, os sem-terra concordaram em liberar apenas uma das
pistas. O desbloqueio total só
ocorreu às 16h, após a chegada do
novo superintendente do Incra
no Estado, Mário Agra, nomeado
ontem para o cargo.
Agra disse aos lavradores que se
reunirá na próxima semana com
o presidente nacional do Incra,
Marcelo Rezende, e com o ouvidor agrário nacional, Gercino da
Silva Filho, para discutir os problemas fundiários de Alagoas.
Os manifestantes aceitaram
aguardar as reuniões, apesar de o
coordenador estadual da CPT,
Carlos Lima, ter dito que o Incra e
a Ouvidoria Agrária já haviam sido avisados sobre as reivindicações, mas nada fizeram.
Segundo Lima, das 75 áreas invadidas em Alagoas cerca de 20
estão tomadas há cerca de 20
anos. "Há muito tempo solicitamos a desapropriação imediata
dessas fazendas." Em três assentamentos -Delmiro Gouveia, Jubileu 2000 e D.Hélder-, disse Lima, é preciso implantar rede elétrica. Em Delmiro Gouveia, 17 das 48 famílias assentadas ainda não
teriam casa para morar.
A região onde ocorreu o protesto ontem é considerada a de
maior conflito no Estado. Nos últimos quatro anos, de acordo com
Lima, cinco mortes ligadas à
questão da terra foram registradas. Cerca de 4.000 famílias vivem
naquela área, sendo 1.000 delas ligadas à CPT. Em todo o Estado,
2.000 famílias recebem o acompanhamento da entidade.
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