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São Paulo, sábado, 15 de março de 2003

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CAMPO MINADO

Lavradores ligados à Comissão Pastoral da Terra reivindicam cestas básicas e melhoria de infra-estrutura

Sem-terra bloqueiam rodovia em Alagoas

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Cerca de 300 sem-terra ligados à CPT (Comissão Pastoral da Terra), braço agrário da Igreja Católica, bloquearam ontem por cerca de oito horas a rodovia BR-101, em Flexeiras (Alagoas, 58 km ao norte de Maceió), próximo à divisa com Pernambuco.
Portando foices e facões, os lavradores reivindicavam 2.000 cestas básicas, melhoria da infra-estrutura em três assentamentos do Estado e mais agilidade no processo de reforma agrária.
Os manifestantes jogaram galhos e pedras sobre a pista e atearam fogo em pneus velhos. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, o tumulto, iniciado às 8h, provocou um congestionamento de quatro quilômetros.
Às 12h15, os sem-terra concordaram em liberar apenas uma das pistas. O desbloqueio total só ocorreu às 16h, após a chegada do novo superintendente do Incra no Estado, Mário Agra, nomeado ontem para o cargo.
Agra disse aos lavradores que se reunirá na próxima semana com o presidente nacional do Incra, Marcelo Rezende, e com o ouvidor agrário nacional, Gercino da Silva Filho, para discutir os problemas fundiários de Alagoas.
Os manifestantes aceitaram aguardar as reuniões, apesar de o coordenador estadual da CPT, Carlos Lima, ter dito que o Incra e a Ouvidoria Agrária já haviam sido avisados sobre as reivindicações, mas nada fizeram.
Segundo Lima, das 75 áreas invadidas em Alagoas cerca de 20 estão tomadas há cerca de 20 anos. "Há muito tempo solicitamos a desapropriação imediata dessas fazendas." Em três assentamentos -Delmiro Gouveia, Jubileu 2000 e D.Hélder-, disse Lima, é preciso implantar rede elétrica. Em Delmiro Gouveia, 17 das 48 famílias assentadas ainda não teriam casa para morar.
A região onde ocorreu o protesto ontem é considerada a de maior conflito no Estado. Nos últimos quatro anos, de acordo com Lima, cinco mortes ligadas à questão da terra foram registradas. Cerca de 4.000 famílias vivem naquela área, sendo 1.000 delas ligadas à CPT. Em todo o Estado, 2.000 famílias recebem o acompanhamento da entidade.


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